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Questão de Trump é com a soberania americana

 

No caso da taxação de Donald Trump, a situação do Brasil é diferente da dos outros países que estão negociando. Somos o país mais taxado do mundo e a questão é muito mais de soberania do que de comercio. Ele misturou as bolas, mas foi a primeira vez que usou argumentos políticos para sancionar um país, e fica difícil negociar nestas condições. Flavio Bolsonaro disse que a única solução seria acabar com o processo contra Bolsonaro. Não pode ser assim, esta chantagem americana não pode prevalecer. É uma questão delicada. Se Trump colocou a política no bojo da questão, não tem como fazer acordo; tem que retaliar. E não se pode sugerir uma solução que não seja simplesmente dizer que aqui é soberano e você não se mete. É como a ideia de Trump - e de Lula também - de que a Ucrânia tem que aceitar perder uma parte de seu território para fazer a paz. Se aceitar, está aceitando a derrota e daqui a pouco perde todo o território, a soberania e a credibilidade. Há situações em que os países são atacados – metaforicamente ou não – em que só resta reagir. O único acordo seria abrir mão de alguma coisa. Se por um lado, esta situação ajudou Lula a arranjar um inimigo externo, também o deixa sem saída, pois Trump não vai recuar.

Pode ser uma maluquice, mas uma saída pode ser o presidente dos Estados Unidos aceitar um pedido de Bolsonaro para retirar as tarifas, num acordo feito debaixo dos panos. Os bolsonaristas perderam tudo. A narrativa deles não resiste a cinco minutos de conversa. O que está em disputa, na minha opinião é a soberania dos Estados Unidos. Trump quer os EUA como donos do mundo e vê na atitude dos BRICS de criar uma moeda própria para os negócios, uma tentativa de desvalorizar o dólar. Soberania, para TrumpQuest, significa os Estados Unidos serem sempre os protagonistas do mundo.

O Globo, 11/07/2025