
Egolatria
“Vim para confundir, não para explicar”, brincava o velho guerreiro Chacrinha, que parece ter inspirado a estratégia do PT nessa disputa presidencial.
“Vim para confundir, não para explicar”, brincava o velho guerreiro Chacrinha, que parece ter inspirado a estratégia do PT nessa disputa presidencial.
As pesquisas eleitorais mostram há mais de ano Lula e Bolsonaro nos primeiros lugares. Toda vez que o brasileiro votou em busca de um salvador da pátria, o resultado não foi bom.
Desde que a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT e um dos nomes cogitados para substituir Lula na disputa presidencial, teve a brilhante ideia de comparar o ex-presidente ao traficante Fernandinho Beira-Mar, pedindo isonomia para que Lula o imitasse dando entrevistas de dentro da cadeia, essa relação entrou no debate político.
Bolsonaro, pré- candidato do PSL à Presidência da República, diz que sente em suas viagens que tem mais votos do que Lula. Em qualquer lugar que vá, é recebido por uma multidão de ensandecidos, que o carregam nos ombros e gritam o mantra “mito, mito” como se estivessem hipnotizados.
O maior estímulo à candidatura à Presidência da República de Bolsonaro é a tentativa de Lula de se manter na disputa. A estratégia do ex-presidente é clara, embora seja uma missão quase impossível colocar sua fotografia na urna eletrônica para que seja real o slogan já escolhido: Fulano é Lula, Lula é Fulano.
Com a decisão da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, de orientar o Ministério Público Eleitoral a atuar nosentido de que sejam respeitadas as condições de elegibilidade definidas em leis como a da Ficha Limpa, a movimentação da militância petista (ou será lulista?) para pressionar o Judiciário está preocupando os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), alguns deles também membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As alianças concretizadas ou tentadas para a campanha presidencial mostram o quanto inconsistente é o nosso sistema político-partidário. Não é possível que o empresário Josué Alencar sirva para ser vice tanto do PT quanto do PSDB, e nem que o centrão possa negociar um governo com Ciro Gomes do PDT.
A decisão de Raquel Dodge, na qualidade de procuradora-geral eleitoral, de divulgar instrução normativa orientando todos os procuradores a ingressarem com ações para impugnar candidaturas de políticos condenados em segunda instância, conforme prevê a Lei da Ficha Limpa, é mais uma sinalização da Justiça de que não permitirá que a insegurança jurídica embaralhe o resultado das eleições de outubro.
A estratégia do PT de desmoralizar a Justiça para dar ares de verdade à tese de que Lula é um perseguido político, encarcerado injustamente, está produzindo seus efeitos deletérios à democracia brasileira.
A medida do oportunismo do centrão partidário, que ciscou em várias direções e acabou ao que tudo indica nos braços do candidato tucano Geraldo Alckmin, é a resistência à entrada no grupo do MDB, sob a alegação de que é preciso se afastar do governo Temer para ser competitivo na eleição geral de outubro.
É sintomático desses tempos interessantes que vivemos no país, no sentido da maldição chinesa de instabilidade e caos, que nenhum candidato tenha escolhido até agora um vice. Se é verdade que vice não ganha eleição, ajuda a governar, como foi o caso de Marco Maciel do PFL nas gestões de Fernando Henrique, ou sinaliza uma tendência, como a escolha de José de Alencar nos governos de Lula. Ou até mesmo de Temer nos governos Dilma.
No bom sentido, é claro, pois todo mundo sabe que futebol é coisa séria. E nada mais exemplar do que o jogo de ontem. Todos os ingredientes de uma decisão dramática estavam lá, desde o herói improvável que se transformou em vilão, o brasileiro Mario Fernandes, que abriu mão de jogar na seleção de seu país para se naturalizar russo, em agradecimento à recuperação do alcoolismo, logo na terra em que o índice de alcoolismo é um grave problema social.
“O pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube”. A frase famosa, atribuída ao treinador de futebol de praia no Rio e filósofo do futebol Neném Prancha, ganha dimensão nessa Copa da Rússia, que passou a ser a que mais teve pênaltis de todas já realizadas. Foram marcados 24 pênaltis nos 48 jogos disputados na primeira fase, a de grupos. Nos Mundiais comparáveis, com 32 seleções a partir de 1998, o número máximo de penaltis foi de 18 nos 48 jogos realizados, como em 1998 e 2002.
Sobraram poucas estrelas na Copa do Mundo a esta altura, e Neymar parece estar reencontrando seu jogo, depois da cirurgia. Pode reafirmar sua condição de especial, e comandar a renovação dos líderes do futebol, ao lado de Mbappé. Aliás, o ataque do Paris Saint Germain marcou cinco gols até agora nas oitavas, dois de Mbappé, dois de Cavani e um de Neymar, o que mostra que está a caminho de tornar-se um dos grandes clubes do futebol globalizado.
A ausência mais presente na Rússia é a de Lenin. Está por toda parte, em frente ao estádio Lujiniki, palco da partida final da Copa do Mundo, nas estações de metrô, até o Rolls Royce que usava está em exibição no Museu Histórico. Mas as lembranças nada significam no país atual, são relíquias turísticas, não saudades do passado como a ausência presente pode significar.