
Tempos confusos
Tempos confusos os que temos vivido. A tal ponto que estranhamos o que ocorreu no meio da semana: chamou a atenção o fato de o governo não haver arranjado nenhuma confusão nova.
Tempos confusos os que temos vivido. A tal ponto que estranhamos o que ocorreu no meio da semana: chamou a atenção o fato de o governo não haver arranjado nenhuma confusão nova.
“Os inocentes do Leblon”, poesia de Carlos Drummond de Andrade de 1940, poderia ter sido escrita ontem, quando os bares do bairro carioca encheram-se de “inocentes” sem medo do amanhã. Aglomerados, sem máscara, “os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram/mas a areia é quente, e há um óleo suave/ que eles passam nas costas, e esquecem”.
Nessa imensa tragédia da pandemia de Covid-19 — que atinge números difíceis de imaginar, crescendo agora a 50 mil casos por dia e já sendo mais de um milhão e meio, com mais de 60 mil mortes — ficamos em casa, no necessário isolamento para que a calamidade seja menor e perdemos o convívio diário com a família e os amigos.
A escolha do quarto ministro da Educação de seu governo pode ser também a definição do que será o governo Bolsonaro no tempo que lhe resta.
Aproveitando o confinamento, estou há semanas tentando arrumar minha biblioteca que virou Babel, sem ser a de Borges. Ficava constrangido quando visitas olhavam para tudo e, educados, nada diziam.
A prisão de Fabrício Queiroz foi a gota d´água que faltava para que o bom senso prevalecesse no entorno do presidente Bolsonaro, levado a um silêncio obsequioso diante da realidade que lhe batia à porta do Palácio do Planalto.
Renato Feder ficou numa situação constrangedora quando foi preterido na escolha para o ministério da Educação depois de ter sido recebido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Além da nomeação do novo ministro da Educação, que teria um perfil técnico, ao contrário do guerrilheiro de direita Weintraub de triste memória, há comentários insistentes em Brasília de que o presidente Bolsonaro, nessa fase de calmaria pós prisão do Queiroz, tiraria do governo outros dois ministros problemáticos, o das Relações Exteriores Ernesto Araujo e o do Meio-Ambiente Ricardo Salles.
O constrangimento maior nessa história do currículo de Carlos Decotelli, que deixou o governo ontem antes de tomar posse, acabou ficando por conta de Bolsonaro porque, ao fazer o anúncio oficial do novo ministro, coube a ele a primazia de endossar como verdadeiros os dois títulos falsos de Decotelli, que não era nem “doutor pela Universidade de Rosário, na Argentina”, e, portanto, nem “pós-doutor pela Universidade de Wüppertal, na Alemanha”.
O leitor provavelmente já ouviu falar do termo “infodemia”, utilizado pela OMS em janeiro deste ano, e também por diversos veículos de comunicação e por pessoas públicas renomadas.
As chances de o senador Flavio Bolsonaro conseguir que seu processo sobre a “rachadinha” continue na segunda instância no Rio de Janeiro são próximas de zero.
O comportamento do presidente Jair Bolsonaro desde a prisão de seu amigo Fabricio Queiroz assemelha-se ao de Lula depois do escândalo do mensalão em 2005.
O comportamento do presidente Jair Bolsonaro desde a prisão de seu amigo Fabricio Queiroz assemelha-se ao de Lula depois do escândalo do mensalão em 2005.
Em política, quando não se tem um projeto claro e preciso para o futuro, o ativista rodopia em torno de um vazio que ele mesmo não consegue admitir.
Confusões os dois primeiros ocupantes do MEC, no governo Bolsonaro, arranjaram à vontade.