
O novo Papa num boteco do Leblon
Eu sei que ninguém agüenta mais falar no assunto, mas tenho certeza de vai rolar papo papal novamente, sem querer fazer trocadilho. Tu também acha que a Igreja precisa de renovação, não acha, não?
Eu sei que ninguém agüenta mais falar no assunto, mas tenho certeza de vai rolar papo papal novamente, sem querer fazer trocadilho. Tu também acha que a Igreja precisa de renovação, não acha, não?
NAS DUAS COLUNAS ANTERIORES, analisei a vida de Manuel, sempre ocupado, achando que trabalhar - seja no que for - dá um sentido à vida e jamais se perguntando qual é este sentido. Mais tarde, Manuel se aposenta. Desfruta um pouco a liberdade de não ter hora para acordar e poder usar seu tempo para fazer o que quiser. Mas logo cai em depressão: sente-se inútil, afastado da sociedade que ajudou a construir, abandonado pelos filhos que cresceram, incapaz de entender o sentido da vida - já que jamais se preocupou em responder à famosa pergunta: “O que estou fazendo aqui?”
Alguns leitores reclamaram do cronista que, não faz muito tempo, contou uma anedota politicamente incorreta -classificação que o próprio cronista fez questão de invocar. Foi também censurado com veemência pelo uso do nobre espaço que ocupa (indevidamente, é claro) para contar uma piada de mau gosto.
O presidente Lula tomou a iniciativa de reunir as nações árabes pela primeira vez na América Latina. É esforço de enorme impacto que evidencia como a nova política externa brasileira exorbita os laços do continente, e vai além da aliança de Brasília a Pretoria e a Nova Déli. O lance novo é, de fato, de buscar, através dos Estados, a conclamação mais larga deste alinhamento, em que as culturas se encontrem e se definam num marco de resistência a um mundo hegemônico. A visão brasileira foi alvo de larga abordagem, em reunião inédita em Paris, a 5 e 6 de abril, com os presidentes Khatami e Bouteflika. Avança este novo acordar diante de nações críticas, hoje, para superarmos as retóricas fáceis e buscarmos outras vozes mundiais diante da cruzada do Salão Oval.
O avião presidencial é um sonho de consumo que passou a integrar a imaginação dos brasileiros. Construíram tantas fantasias que as pessoas passaram a pensar que ele não era avião, mas um palácio voador, cheio de encantos e surpresas, coisa das mil e uma noites.
O Iraque está ainda sob o signo do fogo. A eleição, que levou ao poder um curdo foi uma solução democrática que o país missionário, e agregado à idéia de democracia segundo o molde americano, são os Estados Unidos, que desejam uma paz geral e perpétua, para que todos respirem o ar da democracia. Seria uma conversão generalizada, difícil de ser compreendida e realizada.
Não foi por gosto pessoal nem por curiosidade natural quando se trata de saber quem é o homem que será papa, sucessor de uma linhagem que marcou a história, líder religioso de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Sempre se disse que a Igreja não tem pressa. Para se ter uma idéia dessa expressão, basta o processo de Anchieta, que foi beatificado e não canonizado. Decorreram já quinhentos anos e o apóstolo dos índios, o professor das crianças reunidas no Planalto, já registraram cinco séculos e ninguém é capaz de prognosticar quando Anchieta será santo ou se será canonizado.
Durante muitos e muitos anos, o Aleijadinho era desdenhado pelas cultas gentes. Tratava-se de um ignorante, que fazia leões com corpo de cachorro e cara de macaco. Em 1902, um crítico de artes plásticas austríaco viu a estátua do profeta Daniel em Congonhas do Campo e ficou horrorizado. Registrou em seu diário: "Só um povo imbecilizado pela sífilis e pela malária consentiria que tal monstruosidade ficasse ao lado do profeta Daniel".
A civilização insere-se na chave da filosofia da história. É esse o seu objetivo, embora, como já dizia o velho Aristóteles, o homem seja um animal político, pois desde que nasce até a morte vive em sociedades regidas por códigos e leis. Infelizmente, estamos na quadra histórica do ateísmo, ganhando adeptos. É esse o grande e profundo mal de que sofrem os povos, inclusive os mais adiantados nas suas instituições.
Em todo o mundo, a mídia está enfrentando dificuldades, seja pelo alto custo da informação e do entretenimento, seja pela concorrência que torna a oferta maior do que a procura. Para piorar o quadro, ela vive de fatos que não cria nem domina. Fatos que não acontecem em ordem programada. Deixam de estourar durante semanas e meses e, de repente, estouram todos ao mesmo tempo.
Abre-se agora na Igreja a fase da escolha do sucessor de João Paulo II. Cerram-se as portas da Capela Sistina para o conclave - o único que conhecemos no seu exato sentido etimológico - e os cardeais com direito a voto vão debater o problema com a intenção de servir a Igreja.
Houve, de certo modo, em muita poesia feita depois de 1914, uma ruptura interna, uma como que desintegração que foi, em relação ao assunto, até o excesso do surrealismo, e caiu, quanto ao ritmo, na quebra muitas vezes forçada e artificial do verso, com o abuso de alguns recursos postiços da divisão poética.
Este 12 de abril representa um marco na história da saúde pública e na história da medicina em geral: há exatamente 50 anos, em 1955, um médico norte-americano, o dr. Jonas Salk, anunciava que, depois de um gigantesco estudo envolvendo quase 2 milhões de crianças nos EUA, concluíra-se que uma vacina contra a poliomielite revelara-se "safe, effective and potent" -segura, eficaz e potente. A notícia foi recebida com enorme júbilo, sobretudo num país que desde o começo do século 20 vinha enfrentando gigantescas epidemias da doença -uma das vítimas fora ninguém menos que o presidente Franklin Roosevelt, que muitas vezes era visto em cadeira de rodas.
Estou achando divertida a cobertura do próximo conclave feita pela mídia internacional. Tanto a morte como o funeral do papa foram bem expostos, com exagero em alguns casos, mas a linha geral foi boa. E é de minha obrigação destacar, não por corporativismo ou por amizade pessoal, o trabalho de Clóvis Rossi em Roma. Foi dos melhores que acompanhei em alguns anos de jornalismo.