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Artigos

  • Deng e Bolívar

    A autoestima volta. E isso que nos diz o Latinobarometro, que faz periodicas afericoes sobre a America do Sul, com a bencao da ONU, atraves do PNUD. Certa vez escrevi aqui a perplexidade em que o barometro nos colocava ao mostrar que o nosso povo nao aprovava a democracia e preferia um governo autoritario que lhe desse boa vida.

  • Desvio de recursos na educação

    Nada menos de 21 estados brasileiros deixaram de aplicar R$ 1,2 bilhão de reais no ensino básico, em 2009. A acusação é do Ministério da Educação. Esses recursos não foram repassados ao Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Foram desviados para outras atividades, possivelmente menos prioritárias.Não é pouco dinheiro: no Rio foram 28 milhões, mas em São Paulo a irregularidade foi superior a 600 milhões. Se isso acontece e é denunciado publicamente, pode-se inferir que a perda é da própria educação, no seu conjunto. Devemos louvar o esforço do Ministro Fernando Haddad. Ao falar no “Seminário Internacional de Avaliação de Professores da Educação Básica”, no Rio de Janeiro, foi bastante enfático na defesa da cultura da avaliação, de que andamos divorciados por tanto tempo. Mostrou que o Ideb representa um avanço considerável, com a radiografia, hoje, de 50 mil escolas e mostrou, sob aplausos, que “Não há boa educação sem professores altamente qualificados.” É claro que isso também envolve salários compatíveis com os de outras profissões. Por essa razão, o MEC criou, de forma inteligente, as Bolsas de Iniciação Docente, que este ano chegarão ao número de 20 mil. É uma reação que não pode passar despercebida.

  • Entre o mar e o rochedo

    Médico de saúde pública, trabalhei numa vila popular na periferia de Porto Alegre, lugar paupérrimo, e, como seria de esperar, violento; pessoas de fora não se atreviam a ali entrar. Mas uma professora da escola local garantiu-me que esse problema para ela não existia; podia andar por toda a vila, sem receio, porque tinha a proteção dos moradores. E ela não era exceção. O mesmo acontecia com funcionários da escola e do posto de saúde.

  • Exercícios para o corpo, exercícios para o cérebro

    Nos últimos anos, ficou claro que, para evitar os problemas da doença de Alzheimer e de outras formas de senilidade, era preciso exercitar o cérebro. Mas parecia óbvio que falar em exercício para o cérebro era uma metáfora, era força de expressão. Isto porque o cérebro não tem músculos, não tem articulações; o exercício cerebral consistiria, pois, em estimular os neurônios a fazer conexões. Como? Por meio da leitura, de palavras cruzadas, de testes variados.

  • Furto nas alturas

    "Senhores passageiros, sejam muito bem-vindos ao nosso voo. Como informou o nosso comandante, estamos prontos para decolar. Peço, pois, que afivelem seus cinturões, retornem o encosto da poltrona para a posição vertical e mantenham travada a mesinha à sua frente. A partir desse momento, todos os equipamentos eletrônicos deverão ser desligados.

  • Fazer o quê? O que fazer?

    Quando o Brasil foi eliminado da Copa, ouviram-se comentários irritados contra Dunga, contra jogadores, contra a CBF. Mas a frase mais comum foi o clássico Fazer o quê?, marca registrada do fatalismo brasileiro. Perdemos, fazer o quê? Poderia seguir-se o igualmente habitual seja o que Deus quiser, mas, considerando que o Senhor está um pouco acima das misérias do futebol, as pessoas resolveram, ao menos nesse transe, deixá-Lo em paz.

  • Futebol e marginalidade gloriosa

    Zico, em entrevista, finalmente cobrou as consequências do que ora vê o Brasil, no horror do crime de Bruno e seus asseclas. Dá-se conta o país do quanto a marginalidade infestou o cotidiano dos jogadores do esporte sumo. Mais, ainda, permitiu-lhes a sensação de impunidade, em que o goleiro surge, na sequência de outros astros frequentadores de drogas, nas paradas sexuais da Barra, ou na farra permanente. Não testamos, ainda, o quanto esta nossa preguiçosa tolerância engole a consciência, diante da abominação. 

  • Judicialização da política

    De quem primeiro ouvi a expressão judicialização da política foi do ministro Nelson Jobim, quando assumiu, há alguns anos, a presidência do Supremo Tribunal Federal.Ele expressava o desconforto em que o próprio STF se encontrava, convocado a dirimir querelas políticas que deveriam ser resolvidas pelos próprios políticos, dentro do jogo democrático. Isso é ruim para a democracia e para a Justiça. De um tempo para cá, sobretudo depois que a Constituição de 88 estabeleceu a Ação Direta de Inconstitucionalidade, todo conflito político passou a ter uma segunda instância, que é o apelo a uma solução judicial. Os Poderes harmônicos e independentes entre si passaram a ter um vaso comunicante, que desemboca na tendência de cada vez mais provocar uma enxurrada de leis, muitas delas casuísticas e desnecessárias.

  • Justiça de pedra

    Não é de admirar que, por muito tempo, o apedrejamento tenha sido uma clássica forma de execução no Oriente Médio. Pedra é coisa que não falta naquela região árida. Além disso, pedra representa a natureza no seu aspecto mais primitivo: usada para liquidar a vida humana, a mesma vida que Deus criou a partir do barro, adquire um óbvio caráter simbólico. A morte por apedrejamento é lenta, cruel, impiedosa, uma morte que supostamente deve ser a punição para os culpados de vários crimes: a blasfêmia, a idolatria e, sobretudo, o adultério.

  • Literatura e Futebol

    É uma dúvida que se discute nos meios intelectuais. Será possível existir literatura quando o tema é futebol, o nosso esporte mais popular? O assunto foi debatido na Academia Brasileira de Letras, no seminário “Brasil, Brasis”, com a participação inclusive do técnico Dunga (muito aplaudido).

  • Livrai-nos da tentação

    Andando pelo Jardim do Eden, Adão e Eva avistavam constantemente a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e seus tentadores, mas proibidos, frutos. Desta maneira, não foi difícil para a serpente induzi-los à transgressão. Será que o mesmo aconteceria se a árvore estivesse a quilômetros de distância, exigindo do primeiro homem e da primeira mulher um longo deslocamento, quem sabe uma viagem? Talvez não. Parafraseando a conhecida expressão, longe dos olhos, longe do estômago. Todo mundo sabe que um refrigerador cheio de coisas apetitosas não perde para fruto proibido algum em matéria de tentação. E o mesmo se pode dizer de um prato cheio. Expressão que, aliás, tem dois sentidos: de um lado significa fartura, abundância; de outro é um apelo à malícia, à safadeza.

  • Machado, doutor honoris causa

    É justíssima a homenagem que a Uni-Rio prestou, por intermédio da reitora Malvina Tuttman, à figura emblemática de Machado de Assis. Ele mereceu, por sua obra, o título de Doutor Honoris Causa desta importante universidade federal, que foi outorgado ao autor de Dom Casmurro em sessão solene.

  • Não existe receita para o sucesso

    Embora os resultados ainda não sejam apreciáveis, é evidente a existência, hoje, de um movimento no sentido do aprimoramento das políticas públicas voltadas ao ensino médio. Valoriza-se a Gestão de Pessoas, com esse fim, priorizando-se a temática da diversidade e do comportamento humano.

  • O direito de mostrar o rosto

    Na próxima semana, estarei na Flip, a já lendária Festa Literária de Paraty, onde participarei em várias atividades, uma das quais aguardo com muito interesse. Coordenarei um painel em que participam dois escritores famosos, o israelense A. Yeoshua e a iraniana (exilada) Azar Nafisi. Se tivesse nascido no Brasil, Azar poderia dizer que seu nome condicionou um destino; de fato, não foram poucas as atribulações pelas quais passou. Filha de um casal conhecido no Irã (o pai foi prefeito de Teerã, a mãe, deputada), Nafisi estudou na Inglaterra e graduou-se em letras na Universidade de Oklahoma. Quando os fundamentalistas tomaram o poder no Irã, começaram seus problemas: recusando-se a usar o véu, ela foi proibida de lecionar na Universidade de Teerã e acabou emigrando para os Estados Unidos. Sua história está em dois livros, o best-seller Lendo Lolita em Teerã e O Que Eu não Contei.

  • O lamento dos excluídos

    Cães excluídos da adoção ganham tratamento vip em SP. Em vez de chihuahuas fofinhos, a advogada Audrei Feitosa, 39, preferiu acolher Kiko, um vira-lata "grande, velho e com dente todo podre". Ela se autodenomina protetora dos cães fracos e indefesos. Para preservar o título, monitora de seu apartamento, em Higienópolis, no centro de São Paulo, o resgate de animais abandonados. Quanto mais idade e problemas de saúde, mais o bicho vira "inadotável", diz. Para os rejeitados, ela e uma amiga mantêm, no sítio de um conhecido em Jundiaí (58 km de SP), cinco canis "de luxo", com ração premium, cobertores e cuidado veterinário. Juntas, pagam a um "caseiro canino"" R$ 200 por animal. Atualmente, são 30. A dona de casa Cleide Jacomini, 51, foi além. Aluga, na Freguesia do Ó, uma casa especialmente para dez cachorros recolhidos na rua. Cotidiano, 5 de julho de 2010