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ABL na mídia - Universidade de Passo Fundo - 5 motivos para ler Ana Maria Gonçalves

 

Há algumas semanas, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu Ana Maria Gonçalves como mais novo membro da instituição. Em 128 anos, a escritora de 55 anos, é a primeira mulher negra a integrar a ABL, além de ser a mais jovem do atual quadro de imortais. Só isso já seria motivo suficiente para conhecer mais sobre as obras de Ana Maria. Mas, existem muitas razões para conhecer o trabalho desta escritora, roteirista e dramaturga. Quem nos apresenta cinco dessas razões é a professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UPF Ivânia Campigotto Aquino:

1- A qualidade da ficção brasileira

Ler Ana Maria Gonçalves é, segundo a professora, enriquecer-se culturalmente com uma mulher brasileira da geração jovem de escritoras. “Em 2006, ela lança um romance surpreendente tanto na forma quanto no conteúdo, chamado Um defeito de cor, com uma estética singular a envolver o processo da escrita e a fruição suscitada”, comenta. O romance recebeu o Prêmio Casa de Las Américas (2007), um dos mais importantes prêmios literários da América Latina, que, para Ivânia, mostra o alcance da qualidade da ficção brasileira.

2- Identidade da mulher negra

Outro motivo apontado pela professora para ler as obras da escritora é a possibilidade de encontrar elementos nessas obras que possibilitam discutir a identidade da mulher negra no nosso país. “[essa discussão se dá] a partir da constituição de linguagem que inclui termos designatórios dos processos sociais da população negra impostos pelo branco e, principalmente, construídos pelos sujeitos históricos escravizados. No conjunto, os termos requerem uma reflexão sobre suas possibilidades de construção de sentidos”, pontua.

3- Identidade brasileira

Para Ivânia, ler Ana Maria Gonçalves é aproximar-se de uma mulher que ocupa um lugar icônico na interpretação contemporânea da identidade brasileira. “É nesse lugar, condicionado pela formação da consciência nacional, que ela, num ato de linguagem, dá vida aos momentos de serendipidade - fenômeno que a constitui como escritora e transforma o leitor atento em leitor-descobridor do que ainda não procurava na história do Brasil. Por esse fenômeno, ela exerce a metaficção historiográfica decolonial na cena literária atual, sugerindo tomar determinadas providências”, acrescenta.

4- Ficção x realidade

O quarto motivo apontado pela professora é a oportunidade de se aprofundar na estrutura do romance histórico contemporâneo, movimentando-se na tênue fronteira entre ficção e realidade. Conforme Ivânia, “o que ocorre na narrativa é uma expressiva fabulação crítica (Saidiya Hartman) sobre a população negra, a partir de vestígios sobre a saga das pessoas escravizadas no Brasil, com a centralidade localizada nas mulheres negras, que, hoje, segundo a escritora, é o maior grupo populacional brasileiro”.

5- Preservar a memória

Por fim, a professora Ivânia destaca a preservação de memória das vítimas da escravatura que sustenta o enredo de Um defeito de cor. “Essa memória é histórica e define um país que organizou o mundo do trabalho, em tempos anteriores e posteriores à independência de Portugal, com mão de obra sequestrada da África. Ela pesquisa essa história e revela-se como intérprete crítica da formação da sociedade brasileira”, conclui.

Que tal iniciar o semestre com uma leitura cheia de significado e, além de tudo isso, comovente? Na Rede de Bibliotecas da UPF é possível encontrar o premiado “Um defeito de Cor” e conhecer mais sobre a obra dessa grande escritora.

Matéria na íntegra: https://www.upf.br/noticia/5-motivos-para-ler-ana-maria-goncalves

31/07/2025