Com a sessão da Saudade em homenagem ao Acadêmico Marcos Vilaça na última quinta-feira, 10 de abril, foi declarada aberta a vaga da cadeira 26. Já estão inscritos o advogado Jose Roberto de Castro Neves, o jornalista Jose Nêumanne Pinto e o escritor Diego Mendes Souza. As inscrições se encerram no dia 24 de abril e a eleição está marcada para 29 de maio.
Na sessão da Saudade, o Acadêmico Arnaldo Niskier foi o orador. Acompanhe aqui o que ele falou:
“O acadêmico Marcos Vilaça, meu colega da Academia Brasileira de Letras e compadre querido - sou padrinho de casamento dos seus filhos, Tatiana e Rodrigo, faleceu em Recife com 85 anos, depois de uma vida intensa e de grandes glórias profissionais.
Além de ter presidido a ABL com grande competência em duas oportunidades, foi também presidente do Tribunal de Contas da União, onde deixou seu nome inscrito como autor de uma grande gestão.
Foi também diretor da Caixa Econômica Federal. Marido exemplar da querida Maria do Carmo, que nos deixou há alguns anos, tocou a vida para frente, mas sem a mesma alegria. Sentia falta da sua companheira de sempre. Quando adoeceu, deixou instruções explícitas com o filho Rodrigo: quero ser cremado e as cinzas devem ser jogadas na minha amada Praia da Boa Viagem, para provar a minha pernambucanidade.
E deixou mais uma recomendação: como sou católico praticante, gostaria que houvesse no Rio uma missa em minha homenagem de preferência na Igreja do Carmo.
No prazo curto de uma semana, a ABL perdeu dois dos seus destacados membros. Heloísa Teixeira e Marcos Vilaça, ambos com a idade de 85 anos. A Casa de Machado de Assis está pois de luto. Vilaça exerceu também duas atividades em que se destacou, direito e jornalismo. Atuou sempre com maestria. Lecionou durante cerca de 30 anos na Faculdade de Direito do Recife. dedicou sua vida literária à cultura popular. Escreveu diversos livros, entre os quais o clássico Sociologia do Caminhão.
Foi pai de três filhos, Marco Antônio, precocemente falecido, Tatiana, aqui ao nosso lado, e Rodrigo. Foi secretário de Cultura quando escreveu o livro por uma política nacional de cultura, em 1984. Foi autor também de “Coronéis, apogeu e declínio do coronelismo no Nordeste do século passado”, trabalhou de 1965 em colaboração com Roberto Cavalcanti. Trouxe o seu talento administrativo para a Academia Brasileira de Letras e presidiu, como eu disse, em dois mandatos. Foi íntimo amigo do presidente José Sarney, que lamentou muito a sua morte. São suas palavras: foi um dos nossos maiores intelectuais pernambucano e brasileiro. Saudades de Marcos Vilaça.”
14/04/2025