Usando um cocar indígena na testa, Krenak, 70, brincou sobre seu “novo traje distinto”, o bom e velho “fardão da Academia”, um terno verde-escuro com bordados dourados usado durante as cerimônias oficiais pelos membros dessa venerável instituição fundada em 1897, seguindo o modelo da Academia Francesa.
Na cerimônia de posse no Rio de Janeiro, o protocolo outrora rígido foi embelezado com canções nativas e uma apresentação de dançarinos com cocares de penas.
Krenak é famoso além das fronteiras do Brasil por suas obras que criticam o colonialismo e o sistema capitalista, como a coletânea “Ideias para adiar o fim do mundo”, publicada em 2019 e traduzida para uma dezena de idiomas.
Em seu discurso, ele prometeu valorizaras cerca de 200 línguas indígenas do Brasil.
Relatando “cinco séculos de sofrimento” dos povos indígenas desde a chegada dos colonizadores europeus, ele considerou insuficiente o primeiro pedido de desculpas oficial do governo brasileiro, emitido na terça-feira por uma comissão do Ministério dos Direitos Humanos.
“Pedir perdão após o fato não significa muito em termos de reparação. A verdadeira reparação vem por meio de ações”, disse ele, sob aplausos.
Ailton Krenak também deu o alarme sobre a destruição do meio ambiente, descrevendo a humanidade como “sapiens predadores”.
Para muitos cientistas, os povos indígenas desempenham um papel fundamental na preservação da floresta amazônica, uma questão crucial na luta contra o aquecimento global.
Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em outubro, para ocupar uma das quarenta cadeiras que ficou vaga após a morte do historiador Murilo de Carvalho.
Há muito tempo criticada por sua falta de diversidade, a ABL tem tentado remediar esse problema nos últimos anos.
Em 2022, Gilberto Gil, negro, foi empossado. Ex-ministro da Cultura, ele foi apenas o segundo membro afro-brasileiro a ingressar na ABL, depois de Domicio Proença Filho em 2006, quando a instituição foi co-fundada pelo icônico escritor negro Machado de Assis.
Matéria na íntegra: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/krenak-quer-valorizar-quase-200-dialetos-indigenas-como-imortal-na-abl/ [1]
09/04/2024Links
[1] https://www.diariodocentrodomundo.com.br/krenak-quer-valorizar-quase-200-dialetos-indigenas-como-imortal-na-abl/