
Medas e persas
[2]RIO DE JANEIRO - Durante anos, freqüentei cinemas e cinematecas. Não havia vídeos ou DVDs, que hoje posso comprar ou alugar. Ao contrário da lenda de Maomé e da montanha, se eu não fosse à montanha, a montanha não viria a mim.
RIO DE JANEIRO - Durante anos, freqüentei cinemas e cinematecas. Não havia vídeos ou DVDs, que hoje posso comprar ou alugar. Ao contrário da lenda de Maomé e da montanha, se eu não fosse à montanha, a montanha não viria a mim.
RIO DE JANEIRO - No meu tempo, dizia Machado de Assis, já havia velhos, mas poucos. Parodiando o mestre, direi que, no meu tempo, já existiam chatos, mas relativamente poucos. E não eram tão espalhafatosos e onipresentes. Quando Cristo expulsou Satanás de um endemoniado, perguntou-lhe o nome. Satanás respondeu: "Meu nome é Legião". Os chatos de agora são também uma legião, a internet ampliou-os em número, freqüência e virulência.
RIO DE JANEIRO - Era uma Quinta-Feira Santa na velha catedral do Rio, hoje desativada. Como seminarista, estava no coro da capela principal, ao lado dos cônegos e monsenhores, que formavam uma espécie de conselho administrativo da arquidiocese.
Os dois carpinteiros ficariam assombrados se conhecessem o destino daquela encomenda
RIO DE JANEIRO - Mais uma vez o mundo se curvou diante do Brasil. Tantas e tamanhas vezes já se curvou que devia estar habituado, mas o Brasil é surpreendente, está sempre aprontando. A bola da vez não é um Santos Dumont, um Ayrton Senna, um Pelé, que em seus respectivos tempos obrigaram o mundo a dobrar a espinha diante de feitos individuais que se transformaram em façanhas coletivas.
RIO DE JANEIRO - Apareceu mais um cidadão que tomou parte no esquema do regime militar, declarando ter participado da chacina promovida contra os guerrilheiros na região do Araguaia. O ex-soldado está disposto a contar o que sabe. Os episódios ligados à subversão e à repressão continuam como um quebra-cabeça e, embora haja pressão nacional pela liberação dos arquivos relativos àquele período abominável de nossa história, nenhum governo até agora teve coragem de abrir a sua caixa-preta.
Quanto ao tamanho das crônicas, um texto com mais de duas laudas era cascata, encher lingüiça
RIO DE JANEIRO - Encontrei-a por acaso. Era alta, mais para bonita, com dois olhos imensos e negros, a pele muito branca e suave. Com esforço de memória e imaginação, poderia parecer uma estátua grega, mas para isso seria necessário cegá-la, estátuas gregas têm olhos vazados.
RIO DE JANEIRO - Cheguei ao hotel em Florença. Constrangido, o dono me avisou que houvera problema com a linha telefônica. Se eu precisasse acessar a internet ele me arranjaria outro hotel.
RIO DE JANEIRO - Tudo bem, cada um se diverte e se glorifica como quer. A mania agora é fuçar fotos do passado, sobretudo as das passeatas de 1968, documentadas à farta pelos bons profissionais do ramo. Apesar de farta, a oferta foi menor do que a procura, não deu para todo mundo deixar registro na história nacional. Mesmo assim, descontando os que morreram por isso ou por aquilo, é difícil encontrar um cidadão maior de 40 anos que não tenha dado sua contribuição heróica à luta contra a ditadura.
O cinema, para Glauber Rocha, era um duende infantil que habitava as salas escuras
RIO DE JANEIRO - Assunto recorrente, a liberdade de expressão continua provocando polêmica entre os interessados. Como qualquer liberdade, ela exige responsabilidade. Não é nem deve ser um valor absoluto, acima de qualquer outro, pairando além da condição humana. Tal como o direito de ir e de vir: podemos ir às ilhas Papuas ou vir da Patagônia, mas não podemos entrar na casa do vizinho a não ser expressamente convidados, autorizados pela Justiça ou para prestar socorro.
RIO DE JANEIRO - Mais de três anos nos separam da próxima sucessão presidencial, mas a classe política -e seu anexo mais espalhafatoso, que é a mídia- não pensa em outra coisa. É a conhecida anedota do Juquinha, o menino safado que só pensava "naquilo".
RIO DE JANEIRO - Já contei a entrevista que fiz com Francisco Mignone por ocasião de seus 80 anos. Como qualquer jornalista imbecil, perguntei-lhe sobre seu compositor preferido ao longo de tão longa vida. Com aquele jeito malandro que ele tinha -e que o tornava tão simpático-, o maestro disse que foi mudando com o tempo.
Trabalho jornalístico fala sobre o último elo de uma cadeia: o destino final dos fetos
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