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Artigos

  • O professor ideal

    Estamos vivendo uma curiosa fase dos “quase”. O escritor Carlos Heitor Cony lançou o seu “Quase Memória”, para muitos uma obra definitiva. Mais recentemente, tivemos o “Quase Danuza”, em que a jornalista desnuda suas dores e alegrias, pessoais e profissionais, pormenorizando sobretudo os históricos casamentos com Samuel Wainer e Antônio Maria.

  • A sombra do voto nulo

    O dado em que dobramos o ano não é, tanto, o da alegria com a possível penetração do desalento com Lula no país de base - seu eleitor pétreo e contumaz. O grave, sim, e o novo, é o aumento sombrio do voto nulo crescendo em todos os setores do eleitorado.

  • De burro e dos burros

    O lugar-comum garante que somente os burros se admiram de alguma coisa. Devo ser burro o bastante para sempre me admirar de tudo, e cada vez mais. Não diante dos palácios e castelos, que não os admiro como a tradição afirma que os burros o fazem, certamente por falta do que admirar nos homens e nas demais coisas do homem.

  • Informação ao presidente

    Os colaboradores diretos do presidente Lula deveriam convocar ao Palácio seis conhecedores da singularidade da burocracia, das praxes burocráticas, dos trâmites de tempo com datas marcadas, dos orçamentos e das liberações orçamentárias, das verbas e suas origens e seu destino, em suma, toda complexidade da máquina burocrática. Seriam eles, esses assessores especiais, que dariam ao presidente noções seguras do que é administração pública e, em especial, do crime administrativo que poderá levar o titular do poder a um impeachment .

  • Alma e corpo do Rio

    A alma e o corpo do Rio de Janeiro todo inteiro, do Rio de Janeiro indo ao norte até Atafona e Itabapoana, e ao sul até Paraty, e ao oeste até a fronteira com Minas Gerais, é o que aparece no livro-álbum Rio de Janeiro, estado maravilhoso, cuja história é contada através de imagens colhidas pelas fotos de Pércio Campos.

  • Terrorismo velho e medo novo

    Frente a Angela Merkel, Primeira Chanceler da Alemanha, Bush perguntado, sem rebuços, sobre o escândalo de Guantanamo, também sem papas na língua tornou muito claro que o assunto não é da humanidade, mas, sim, e acima de tudo, da segurança do povo americano. Será indefinida como nos prazos de Kafka, a espera por esse processo, nem há a cogitar-se de que uma Comissão Política Internacional possa visitar o presídio da península cubana. E, no enorme alarido que cresce no Congresso contra o presidente, a denúncia das torturas em Abu Ghraib ou dos vôos secretos da CIA na Europa, ou da escuta sem permissão judicial de todo telefone suspeito não chega ainda à detenção indeterminada dos prisioneiros vindos da primeira onda da guerra do Afeganistão.

  • O leite derramado

    Fui mexer numa pasta antiga, procurando um texto que o Otto Maria Carpeaux escreveu e não conseguiu publicar num dos suplementos literários da época. Devolveram-lhe o artigo com um conselho: que o autor mudasse de opinião sobre determinado livro que acabara de ser lançado.Não encontrei o texto (estava em outra pasta), mas um recorte de revista (também daquele tempo), com a pesquisa de uma universidade norte-americana revelando que um homem comum, vivendo a média de 68 anos (expectativa de vida na época), teria direito a 1.850 relações sexuais bem-sucedidas, não explicitando o tipo de relação, se homo ou heterossexual, anal, oral ou convencional.

  • Astrojildo, um brasileiro

    Se houve um brasileiro que, desde a juventude, tenha marcado seu nome com o selo de uma atitude que o fixou para sempre na cultura de seu e nosso povo, este brasileiro foi Astrojildo Pereira. Aos 17 anos de sua idade, soube aquele jovem estudante que Machado de Assis se achava à morte, na mesma hora dirigiu-se para a casa do Cosme Velho e pediu para ver o escritor. À porta, José Veríssimo, que ali se achava, perguntou-lhe o nome e deixou-o entrar. No quarto se aproximou de Machado, que morreria naquela mesma tarde, ajoelhou-se e beijou-lhe a mão. Comovido, Euclides da Cunha, que lhe viu o gesto, publicou um artigo em jornal dois dias depois contando a visita do jovem, declarando ver, naquele imberbe admirador, o próprio símbolo da força de Machado na cultura de nosso povo.

  • O senhor Cartola

    Não tenho tempo e, mesmo que tivesse, não teria interesse em saber quantas horas e em quantos lugares o presidente da República permanece em palanques, improvisados ou não, falando bem de si mesmo e falando mal dos outros. Semana passada, num só dia, inaugurou coisas já inauguradas em três Estados do Nordeste, cumprindo a liturgia primária dos comícios eleitorais e não o cerimonial administrativo.

  • Mulheres na política

    Tem o latino-americano, ou mais apropriadamente o latino, a fama de ser falocrata. É uma fama antiga, que entra ano, sai ano, persiste em se manter, embora a ascensão da mulher a cargos políticos da administração pública seja cada vez mais evidente e com mais possibilidades de se repetir em países ainda avessos ao feminismo triunfante.

  • A última do papagaio

    Um britânico descobriu que sua namorada tinha um amante graças às indiscrições de seu papagaio. Chris Taylor, de 30 anos, um programador de computadores de Leeds, contou que, a cada vez que o telefone celular de sua namorada, Suzy Collins, tocava, Ziggy, o papagaio, dizia: "Oi, Gary". A princípio, ele pensou que Ziggy, emérito imitador, havia aprendido a frase pela TV. Suzy negava conhecer algum Gary, e Taylor não suspeitou de nada nem mesmo quando o pássaro começou a imitar o barulho de beijos ao escutar a palavra "Gary" no rádio ou na TV. Uma noite em que Taylor e Suzy beijavam-se no sofá, o pássaro disse, numa voz idêntica à da moça: "Eu te amo, Gary". Suzy confessou então que estava tendo um caso com um ex-colega chamado Gary. À mídia, ela declarou que a relação com Taylor não ia bem: "Ele passava mais tempo falando com o papagaio do que comigo". Taylor acabou vendendo Ziggy para uma loja de animais de estimação. Isso porque o programador de computadores não conseguiu desprogramar o papagaio do hábito de dizer, imitando sua ex-namorada, o nome do sujeito que foi o pivô do fim do romance.

  • Crime visual

    Além da agressão sexual, punida pela lei e pelos bons costumes sociais, além da agressão moral, que é um conceito novo na legislação, uma vez que já existem os crimes de difamação, injúria e calúnia, surge agora a agressão visual, mais profunda que a poluição visual.A diferença parece semântica, mas não é. A poluição é um mau uso que deve ser combatido pela sociedade e particularmente pelo cidadão que se sinta prejudicado em seu bom gosto ecológico ou visual. Acredito que existem órgãos específicos para tratar desses casos. Não chegam a ser crimes, mas hábitos que devem ser denunciados.

  • Mudanças ideológicas

    É preciso remontar ao passado recente para articular uma tese que me parece insuscetível de contestação, a do encerramento do ciclo socialista, altamente sedutor durante o Século XIX e grande parte do Século XX, e a ascensão do ciclo liberal; ou como prefere dizer o Professor Miguel Reale, do social-liberalismo, como ideologia recorrente do mundo contemporâneo, que demonstra não se apegar a fórmulas peremptas, ainda que atraentes.

  • Assim falou Vidigal

    Numa sala imensa, confortável, Brasília com 20 graus de temperatura, portanto fria, sou recebido calorosamente pelo ministro Edson Vidigal, presidente do Superior Tribunal de Justiça. "Deixei milhares de processos, todos urgentes, para conversar um pouco sobre jornalismo e literatura com o amigo." Agradeço a deferência e estico a mão, para entregar ao grande jurista e professor a última edição do meu livro "O padre Antonio Vieira e os judeus".Os olhos do presidente se iluminam. "Como todo bom maranhense, adoro o padre Vieira... E o tema não poderia ser mais oportuno. Quero conhecer detalhes dessa obra, pois tenho ascendência judaica." O papo aquece e depois deriva para a experiência de magistério de cada um de nós. O ministro é professor de Direito Penal em Brasília e em São Paulo. Mas fala mesmo com orgulho de um dos seus feitos no STJ: "Combinei com a Universidade de Brasília, onde leciono, que se deveria estender aos nossos estagiários, no Tribunal, as cotas para afro-descendentes. É uma preocupação que justifico como amplamente democrática."