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Artigos

  • Doentes e doenças

    Quinta-feira passada, na sessão habitual da Academia Brasileira de Letras, presentes dois médicos acadêmicos, Ivo Pitanguy e Moacyr Scliar, comentou-se aquilo que os jornais estão chamando de “pandemia”: a gripe suína. Na condição de sanitarista, Scliar explicava o que podia e dava conselhos genéricos aos colegas, que, apesar de imortais, muito se preocupam com tudo aquilo que ameaça a própria e discutível imortalidade.

  • Águas e crise

    Tom Jobim nos encantou com as águas de março. O Nordeste e o Norte viveram e vivem o que não há na memória da região de tantas chuvas e tantas enchentes. Todos os povos guardam no imaginário do seu povo o tempo de uma grande enchente que engoliu a Terra. Os espanhóis ouviram dos astecas essa lembrança. Os nossos primeiros cronistas, Abbeville à frente, nos falam dessas águas como se fosse uma lenda indígena.

  • Carisma e sucessão presidencial

    A sucessão presidencial prescinde, hoje, da relação entre Lula e o partido, diante do castigo dos favores públicos que derrubou com o mensalão, o jogo de mediações previsto pela mobilização inicial do petismo. Doutra parte, o carisma não é intrinsecamente da pessoa, mas da saga em que a visão popular não dissocia Lula do "Lula lá".

  • Gripes e Gripados

    Apesar dos muitos e desnecessários anos que carrego nas costas, não cheguei a este mundo a tempo de pegar a espanhola, com a qual a gripe suína, agora com um nome cabalístico e esterilizado, vem sendo comparada. As duas nada têm a ver, pelo menos até agora, e pelos depoimentos dos contemporâneos da peste.

  • Um defensor da educação feminina

    Autor do livro 'A educação nacional', José Veríssimo discutiu intensamente, no Jornal do Brasil, a reforma da educação pública, a partir das ideias positivistas de Benjamin Constant, a quem ele atribui o máximo de liberalismo.

  • Vozes da educação

    Tem razão o repórter Bráulio Lorentz, do “Jornal do Brasil”, quando se refere à principal prioridade que procuramos transmitir aos leitores do livro “Vozes da Educação” (Editora Altadena, 2009). Sem dúvida, é o direito à educação – e de qualidade – o que tem sido subtraído da maioria da população brasileira. Os resultados dos exames do Enem, com a debacle das escolas públicas, sobretudo as pertencentes aos sistemas estaduais, constituem a melhor comprovação do que afirmamos.

  • Opinião e público

    RIO DE JANEIRO - Deputado federal desconhecido irritou a mídia ao declarar que estava se lixando para a opinião pública. No fundo, quis dizer que se lixava para a própria mídia, que segundo ele, não forma nem informa a dita opinião pública.

  • Dilma, a opção é já

    RIO - Vivemos nestes dias ineditismo político de efeitos decisivos sobre o longo prazo do país. A candidatura Dilma deixa de ser um debate de gabinete presidencial, para a chegada de seu nome a uma onda nacional de expectativa e reconhecimento. Qualquer que seja o desfecho de sua permanência, desapareceu a discussão da viabilidade do nome à sucessão de Lula. Haverá, na pior das hipóteses, um candidato pós-Dilma, na acolhida do inconsciente coletivo do país ao que seja a sequência do presente governo.

  • Saúde e Justiça

    Se existe área em que a desproporção entre recursos disponíveis e necessidades a serem atendidas chega a ser desesperadora, esta área é a saúde pública. Todos que ali trabalham ou trabalharam sabem: qualquer que seja o país, qualquer que seja a região simplesmente não dá para prover medicamentos, ou leitos hospitalares, ou próteses, para todos que disso necessitam. E assim chega-se à difícil situação: é preciso decidir o que será feito primeiro.

  • Mestre Vitalino, trancado vivo

    Vitalino Pereira dos Santos, nosso Vitalino, é um dos maiores escultores em barro do Brasil. Nasceu, faz um século, no lugarejo Ribeira dos Campos, perto de Caruaru. Em seu depoimento a René Ribeiro, da Fundação Joaquim Nabuco, diz “Eu, além de analfabeto, criei-me trancado vivo, (...) cismado que só saguim criado no meio do mato.” Seu pai era agricultor e a mãe, além de trabalhar em casa, ajudava nas lides da roça e fazia louça de barro na entressafra.

  • O Galo e o Cata-Vento

    O livro de poesia de Mauro Mota - "O Galo e o Cata-Vento" -, que reli recentemente, insiste em caracterizar, cada vez mais, do meu ponto de vista, a pujante riqueza do seu talento de poeta completo. Poeta que não foge ao "engajamento na aventura humana", concorde com Marcel Arland de que tom grave e consciente também vinca à poesia; concorde, é certo, mas sem perder a armosfera de farta inspiração e os lhames de disciplina formal. É o poeta de A Tecelã e do Boletim Sentimental da Guerra no Recife. Poemas de participação.

  • A oposição condenada à mudança

    O que fará o "povo de Lula" diante do novo eleitoral, e a inviabilidade objetiva da continuação do Presidente? O sentimento espontâneo é o dessa dificuldade de transpor-se o apoio à figura do Chefe de Estado, na mecânica madura de uma vida partidária e a transferência para uma fidelidade às legendas do que fosse o aponte pessoal de um sucessor. Continua a impulsão originária deste eleitorado do Presidente, onde pesa a estrita identificação simbólica por sobre qualquer jogo de facções políticas.

  • A pedra angular

    Conheci e fui amigo de Takeo Fukuda, que foi primeiro-ministro do Japão por muitos anos e fundador do Inter- Action Council, do qual faço parte. Muitas vezes estivemos juntos em reuniões em várias partes do mundo para discutir os problemas do presente e do futuro da humanidade. Em nenhuma delas Fukuda deixou de aproveitar toda e qualquer discussão para inserir a tese pela qual tinha verdadeira obsessão: o controle demográfico. Lembrei-me dele, de suas advertências, nesta crise mundial. Não crescer economicamente significa a eclosão de dificuldades e problemas que vão do desemprego à fome. Já no caso da população é o crescimento que nos dá a previsão de obstáculos insolúveis no futuro.

  • Motivos para pânico

    Como sabemos, existem muitas frases comumente repetidas a cujo uso nos acostumamos tanto que nem observamos nelas patentes absurdos ou disparates. Das mais escutadas nos noticiários, nos últimos dias, têm sido ´não há razão para pânico´ e ´não há motivo para pânico´, ambas aludindo à famosa gripe suína de que tanto se fala. Todo mundo as ouve e creio que a maioria concorda sem pensar e sem notar que que se trata de assertivas tão asnáticas quanto, por exemplo, a antiga exigência de que o postulante a certos benefícios públicos estivesse ´vivo e sadio´, como se um defunto pudesse estar sadio. Ou a que apareceu num comercial da Petrobras em homenagem aos seus trabalhadores, que não sei se ainda está sendo veiculado. Nele, os trabalhadores ´encaram de frente´ grandes desafios, como se alguém pudesse encarar alguma coisa senão de frente mesmo, a não ser que o cruel destino lhe haja posto a cara no traseiro.