“Essa maquinaria toda vai instituindo um consumo de tudo, inclusive o consumo de nós mesmos. Vamos nos consumindo, uns aos outros”, afirma. Em entrevistas recentes, como a concedida à Rádio Brasil de Fato, Krenak criticou duramente o “show do progresso” – expressão usada para descrever a crença cega na ciência e na tecnologia como únicas saídas para crises que elas mesmas ajudaram a aprofundar.
Para Krenak, a humanidade corre o risco de se tornar uma “máquina de fazer coisas”, sem tempo para a contemplação, o afeto, a conexão com o outro e com a Terra. O modelo econômico vigente, baseado na extração contínua de recursos e no consumo desenfreado, é visto por ele como uma ameaça não apenas ao meio ambiente, mas à própria condição humana.
Essa crítica, porém, não se restringe ao discurso: ela está na base de toda a sua obra. Em livros como Ideias para adiar o fim do mundo, A vida não é útil e Futuro ancestral, Krenak propõe uma nova (ou ancestral) forma de estar no mundo – uma existência que valorize a espiritualidade, a ancestralidade, a convivência com a natureza e o respeito aos diferentes modos de vida.
A seguir, conheça algumas das principais obras de Ailton Krenak – leituras indispensáveis para quem quer repensar o futuro (ou melhor, os futuros possíveis).
Obras essenciais de Ailton Krenak
1. Ideias para adiar o fim do mundo (2019)
Um manifesto contra a visão utilitarista do mundo. Um chamado à reconexão com a Terra e com os outros.
2. A vida não é útil (2020)
Um ensaio poético que questiona a lógica capitalista e propõe uma vida movida pela sensibilidade e pelo afeto.
3. Futuro ancestral (2022)
Reflexões sobre tempo, memória e sobrevivência a partir do olhar dos povos originários. Uma chave poética e política para novos mundos.
4. O amanhã não está à venda (2020)
Uma crítica ao desejo de “voltar ao normal” no pós-pandemia. Uma pausa necessária para pensar outros caminhos.
Por que ler Krenak?
Porque sua literatura não ensina respostas — ensina perguntas. Porque seu pensamento não é manual — é trilha. Porque sua voz não vem do centro do mundo, mas do centro da Terra. Ailton Krenak nos mostra que há outro jeito de sonhar, de habitar, de imaginar. E que talvez a maior revolução seja, antes de tudo, sentir.
Matéria na íntegra: https://contee.org.br/a-literatura-ancestral-de-ailton-krenak/
30/06/2025