
A temporada de caça
[2]Li por aí que o senador Delcídio Amaral passou um dia inteiro selecionando denúncias que chegam à CPI dos Correios, a maioria delas vinda de anônimos que aproveitam a confusão para acusar desafetos políticos ou profissionais.
Li por aí que o senador Delcídio Amaral passou um dia inteiro selecionando denúncias que chegam à CPI dos Correios, a maioria delas vinda de anônimos que aproveitam a confusão para acusar desafetos políticos ou profissionais.
Abordando o que vou abordar, corro o risco de desinteressar os leitores. Culpa minha, claro, pois estarei tocando num assunto velho. Já é comum escreverem-se ensaios polissilábicos sobre como a massa de informação que nos bombardeia sobrecarrega a mente e nem temos tempo de pensar direito. E a tecnologia, cada vez mais célere, torna tudo obsoleto de um dia para o outro. Consumimos novidades, não queremos senão novidades, tudo envelhece em poucos dias, às vezes horas. O massacre de ontem hoje não mais interessa e a corrupção denunciada hoje cansa, se repisada amanhã. Tudo, até a notícia, virou uma espécie de mercadoria e o consumidor quer o último lançamento.
NO INÍCIO THEO WIEREMA ERA APENAS um sujeito insistente. Durante cinco anos enviava religiosamente um convite para o meu escritório em Barcelona, convidando-me para uma palestra em Haia, na Holanda.
1) O japonês Takaru Kobayasho comeu 49 cachorros-quentes em 12 minutos e venceu pela 5ª vez a tradicional disputa em Nova York.
Bresser Pereira vem nos dar, nestas páginas, a análise talvez mais contundente da crise atual do sistema, batendo a sonda toda. Estaríamos a pique de uma crise de legitimação capaz de atingir as bases sociais do governo e as previsões tranqüilas, de início, de reeleição. Não nos poupa do veredicto letal: o governo Lula acabou. Pode continuar na rotina, já que golpe não existe, nem quebra do mínimo de virtude administrativa para entregar a faixa e os anéis do próximo mandato. O bisturi do sociólogo investiga o suporte de classes ao Planalto, nesse apoio a se desmoronar, e agrega, na faixa de perigo, a pequena classe média capitalista, a burocracia de Estado e o mundo empresarial, rendido, pela primeira vez, à avalanche eleitoral de 2002.
Há muitos anos, fiz uma conferência na Escola Superior de Guerra sobre a necessidade de reforma do sistema eleitoral brasileiro. Era o tempo em que o presidente Figueiredo abolia o antigo esquema de dois partidos: Arena e MDB. Publiquei depois um ensaio com o título "Partidos Políticos" e apresentei projetos sobre a necessidade de implantação do sistema distrital no Brasil.
Vê a tarde cair lá fora e pensa: "É a última tarde, o último sol. Amanhã, quando novo sol passar pelo céu, estarei mergulhado nesta noite que agora começa para todos, depois surgirá um novo amanhã, mas para mim a noite continuará a ser noite, noite da qual não sairei, a minha noite".A confusão que já não pode controlar é cada vez maior e projeta, na memória cansada, o verso que Racine botou na boca de um personagem que ia ser sacrificado: "Soleil, je te viens voir pour la dernière fois!". O francês parece macarrônico, mas é de Racine mesmo.
Todas as revoluções trazem à tona da sociedade personagens dos quais ninguém ouvira antes falar. Os exemplos históricos são a Revolução Francesa, a Revolução russa, a Revolução nazista, o fascismo italiano com Mussolini e seus companheiros de jornada. A regra histórica é essa. Daí não termos por que estranhar as várias personagens do mensalão, até há pouco desconhecidas da opinião pública. Tiveram, no entanto, participação magna em todos os acontecimentos que estão enxovalhando a nação, aqui e fora daqui. Nesse ponto, estamos de acordo com o presidente: o Brasil não merece isso. Mas de quem é a culpa? Dos petistas, dirigentes, líder máximo, líderes secundários e a arraia miúda que tudo faz para colher as migalhas da mesa dos chefes.
Há mais de um mês, a mídia vem se dedicando aos escândalos provocados pelo PT, escândalos provados e não supostos, mas com supostas responsabilidades e supostas tramas. Um barulho real que não é suposto mas que talvez resulte num suposto nada.
O presidente Lula desceu ao inferno, e nem demonstrou que deixou a esperança na porta, como na Divina Comédia de Dante. Se a deixou, considera-se perdido. Se a trouxe consigo, ainda acredita na sua sobrevivência política, depois de ter aprendido a nadar no imenso oceano de lama que seu partido e seus correligionários criaram para ele. Não sabemos se o presidente tinha consciência ou não de sua sina, nesse sórdido episódio que compromete a nação perante o julgamento do mundo.
Tenho visto contristado as notícias sobre o andamento da chamada reforma política, agora reinventada para driblar a crise e que, segundo se diz, envolveria três decisões fundamentais: a lista fechada, a cláusula de barreira (ou desempenho) e o financiamento público das campanhas políticas.
Tem a palavra o nobre deputado João Pederneiras Trancoso, que disporá de dez minutos para inquirir a testemunha.
Os franceses são, como é geralmente sabido, muito politizados. Visitei muito a França quando meus sogros viviam e quando, após a morte deles, minha mulher herdou a "villa" e eu continuei, com ela, a usar a residência na Cote d’Azur, a região mais linda, mais atraente do mundo. Conheço, portanto, a doce França, por ter viajado por várias regiões, inclusive as estações de neve, apesar de não esquiar. Estive também nas regiões de vinho, uma das minhas paixões.
Poucas vezes pôde a declaração do título acima ser tão bem aplicado como no julgamento do romance de José Nêumanne, "O silêncio do delator". Lendo-o, somos obrigados a reconhecer que a força da ficção é capaz de fixar para sempre uma realidade veemente do tempo.
A decantada estabilidade financeira, peça de resistência do atual governo, tem alguma analogia com a paridade cambial mantida a alto custo pela primeira gestão de FHC. No atual furacão em que PT e Lula estão sendo arrastados, sempre há o argumento redentor: a economia vai bem, as contas estão equilibradas, a confiança internacional garantida.
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