A greve nepotista
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/03/2006
Minas Gerais não merecia ser o cenário do espetáculo mais constrangedor de resistência do terceiro poder à abolição do nepotismo, confirmado pelo Supremo Tribunal Federal e pela consciência cívica do país. Não precisava o Tribunal de Belo Horizonte passar da caricatura ao grotesco, na greve contra a Resolução 7 do Conselho de Justiça, que já hoje passa à história do avanço das instituições brasileiras. A próxima Conferência Internacional de Gotemburgo, dedicada aos modelos políticos do nosso tempo, já anotou esta conquista, como índice do amadurecimento irrevogável de nosso Estado de Direito. Trata-se do avanço desse controle externo, entre os poderes como garantia, exatamente de evitar-se o seu endurecimento como corporação. Ou fazer do serviço público a cosanostra, e em proveito por empregos e benefícios.