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Artigos

  • O petismo de volta às origens

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 26/01/2005

    O começo do segundo tempo de Lula torna bem clara a noção do caminho à frente e da importância de uma imantação das bases, para o ganho de um segundo mandato. E de, por aí mesmo, acreditar-se numa substantiva política de mudança. Não é outro o ferrete efetivo da esperança do Brasil do outro lado. Um propósito efetivo de transformação continua o impulso de chegada ao poder, nascido do mais fundo do inconsciente social dos destituídos, a explicar a sua inédita paciência com o deslanche de um governo como o atual.

  • Salvando a minha pele

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/01/2005

    Aterrado, literalmente aterrado, pois se trata de uma tragédia que envolverá terra e Terra, li no último domingo o excelente artigo de Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp, sobre o péssimo futuro que nos aguarda.

  • O combate à pobreza

    Diário do Comércio (São Paulo), em 26/01/2005

    Desde que a história passou a ser escrita, a pobreza foi um assunto e um problema focalizado com freqüência. Não foi, portanto, o romantismo com os "Os Miseráveis", de Victor Hugo que mostrou a chaga social da pobreza, a tristeza que a envolve, o baixo padrão que nela se insere em permanência, mas a própria natureza humana, séculos após século, que multiplicou os pobres, e estabeleceu as classes sociais, com as diferenças conhecidas e combatidas, até agora inutilmente.

  • Os gestores culturais

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 26/01/2005

    James Joyce escreveu a maior obra literária do século 20, Ulisses, sustentando-se (mal) como professor de inglês, exilado da sua Irlanda natal. Franz Kafka suportou o trabalho burocrático de escriturário numa companhia de seguros para poder escrever suas incomparáveis parábolas sobre a condição humana como O processo e A metamorfose. E que dizer dos pintores malditos do impressionismo e do expressionismo, que se alimentavam de absinto e morriam de fome em suas mansardas? Van Gogh, o recordista dos leilões milionários de hoje, não vendeu uma só tela em seu tempo de vida. Todos estes artistas eternizaram a sua arte sem nenhum patrocínio, apoiados apenas pela crença interior na sua arte e movidos pelo impulso de criar sem nenhuma garantia imediata de sucesso.

  • De Proust a Agnaldo Timóteo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/01/2005

    O amigo admite: "Eu fazia um péssimo juízo de mim mesmo. Julgava-me um idiota desde os 15 anos, quando tentei ler Proust. Nunca ia além da página 50 ou 60. No Carnaval passado, decidi fazer uma higiene mental, apanhei o Proust e, maravilha, devorei os sete volumes, devagarinho. Agora posso me olhar no espelho".

  • A condição humana

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 25/01/2005

    Estudar um livro ou qualquer manifestação literária exclusivamente do ponto de vista estético ou político do momento foi a constante de uma corrente da crítica literária que se avolumou a partir do século XIX. Na linha dessa posição, muita gente se enganou - como se engana ainda hoje - pensando que a vanguarda está aqui quando está lá, lá quando aqui.

  • O diabo e o demônio

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/01/2005

    Enquanto a mídia se esbofa na avacalhação do novo avião da Presidência da República, deixa de criticar, asperamente como devia ser o caso, os dois programas sociais que Lula, antes do avião, botou no ar para mascarar a política econômica: a médio e longo prazo, tornará mais dramático o desnível social que já se tornou um dos mais injustos do mundo.

  • O desrespeito à LRF

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/01/2005

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pôs em vigor a Lei de Responsabilidade Fiscal com o único objetivo moralizador de disciplinar os gastos dos prefeitos, em geral, de capitais e do interior. Quem acompanha, como somos obrigados por dever de ofício, constata que os titulares das prefeituras, em geral, gastam desproporcionalmente, infringindo dispositivos da LRF, para se elegerem ou reelegerem, enfim, para estarem no lugar que lhes permite vida fácil e boa mesa com dinheiros públicos.

  • Língua de fora

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 24/01/2005

    Há poucos anos, houve um sério debate, nos meios intelectuais brasileiros, quando o Itamaraty resolveu abolir o francês dos seus exames de admissão. Não é difícil lembrar que se argumentou muito com o seguinte fato: o mundo, no caminho inexorável da globalização, está preferindo o inglês como língua universal. Por que sobrecarregar os nossos futuros diplomatas com a língua francesa, que já não seria mais tão importante assim?

  • Cadernos de Literatura Brasileira

    Folha de São Paulo - Revista Mais! (São Paulo), em 23/01/2005

    Com sábia percepção e delicadeza, Fernando de Franceschi e Rinaldo Gama lançam o anzol nas águas mais profundas e vem à tona, como num deslumbramento, a escritora com os seus mistérios e perplexidades. A graça meio irônica das pequenas confissões sobre a criação literária. Os depoimentos de amigos, de críticos. E a riqueza das fotos testemunhando a vida e a obra. Revelações. Uma delas me fez rir, ah, e eu que sempre pensei que aquela pesada pronúncia de "rrrs" viesse da sua origem russa. Eu me lembro, estávamos na Universidade de Cali, na Colômbia, convidadas do Congresso Sul-Americano de Escritores. Certa manhã resolvemos fugir das conferências (tão chatas!) e gazetear pela cidade ensolarada. Aqui as "esmerraldas" são lindas, ela disse. Vamos em busca das "esmerraldas"! Lembrei que o bandeirante Fernão Dias Paes era o caçador das próprias, a inspiração devia vir dele. Pois estou "inspirrada", sorriu Clarice e lá por dentro fiquei sorrindo também, tinha nascido na Ucrânia. Essa pronúncia anasalada seria ainda a antiga marca da Rússia?...Pois só agora, lendo o livro é que fiquei sabendo, em meio às pequenas confissões: ela contou que essa fala assim pesada era devido ao fato de ter a língua presa, podia ter feito a operação, mas ficou com medo da dor, o médico avisou que a operação era dolorida. Ora, essas minúcias!, dirá o impaciente leitor lúcido entortando a boca. Mas são esses detalhes que fazem o difícil tecido do ser humano e ainda é nos detalhes que encontramos Deus.

  • Perda de tempo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/01/2005

    Em crônica da semana passada, na Ilustrada, comentei a onda que a mídia e os interbobos estão fazendo contra o avião comprado pelo governo para a Presidência da República. Uns e outros repetem o mesmo argumento pedestre e demagógico: "Enquanto houver uma criancinha passando fome no Brasil, o governo não pode gastar milhões para comprar um avião luxuoso para Lula". Nem vale a pena salientar a bobagem do argumento. O avião não chega a ser tão luxuoso assim nem é um brinquedinho para o deleite pessoal de Lula. O tempo, o espaço e a energia que perdem para condenar o avião, que não merece condenação, a menos que caia e mate alguém, deveria ser gasto na condenação que o atual governo realmente merece. E merece cada vez mais ao priorizar a contabilidade pública (para agradar o FMI e os especuladores estrangeiros) em detrimento da agenda social, que, sobretudo no caso de um país como o Brasil, onde tantas criancinhas morrem de fome, deveria ser a prioridade máxima. As duas tentativas para engabelar o eleitorado que votou nele (Fome Zero e Bolsa-Família) marcarão o seu governo como de um ridículo atroz. Lula poderá fazer chover no plano econômico, se é que realmente a economia nacional transformou-se na maravilha purgativa que estão dizendo por aí. Mas será um presidente mais do que medíocre, embora tenha o direito de voar num avião melhor e mais seguro.

  • O surpreendente Padre Vieira

    O Globo - Caderno Prosa e Verso - (Rio de Janeiro), em 22/01/2005

    Apior tsunami da História européia ocorreu a 1 de novembro de 1755, quando, depois de um terremoto, ondas gigantescas invadiram Lisboa, uma catástrofe que matou 60 mil pessoas. Sebastião José de Carvalho e Melo, marquês de Pombal, homem forte do governo português, mostrou então seu gênio organizador e administrativo. A frase famosa - “Vamos enterrar os mortos e cuidar dos vivos” - foi o mote para iniciar, de imediato, o auxílio às vítimas e a reconstrução da cidade.

  • Reconhecimento tardio

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/01/2005

    Parece que Deus existe mesmo. Ao tomar posse no segundo mandato, George W. Bush reconheceu que a imagem dos Estados Unidos sofreu graves arranhões, está mais suja do que pau de galinheiro no resto do mundo. Pudera.

  • Cultura petista e exclusão universitária

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 21/01/2005

    Fruímos hoje, em termos de governo democrático e de esquerda como o do Brasil, de condições únicas no lidar com as aspirações de mudança normalmente veiculadas pelas "ações afirmativas". Trata-se de saber se, diante desse clima limite de democracia, e de ampla entrosagem entre sindicatos e partidos, à primeira vista logrou-se nova e inédita transparência na acolhida das expectativas do país dos excluídos. É o que se poderia desenhar a partir do extremo da cultura assembleísta do PT, através da discussão infinita e das audiências públicas do Legislativo, a tornar talvez obsoleta a estratégia na pressão social, como sofrida dentro dos governos clássicos do status quo.