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Artigos

  • As estátuas falam

    Não sei, parece que foi nada menos do que Freud o primeiro a tentar descobrir o que o "Moisés" de Michelangelo estaria falando ou sentindo quando foi imortalizado naquele formidável mármore que se encontra em Roma, na igreja de São Pedro in Vinculis.Freud dizia que Moisés acabara de descer o monte Sinai, onde recebera as tábuas da lei diretamente do Senhor. Encontra seu povo, que ele salvara do cativeiro e conduzia à Terra da Promissão, numa orgia pagã. Liderados por seu irmão, Aarão, aproveitando a ausência do líder, estão adorando não o Deus que os tirou do cativeiro, mas um Bezerro de Ouro.

  • Política Cambial

    O brilhante ministro Luiz Fernando Furlan, sem dúvida um vitorioso na pugna de dimensão internacional pela conquista de mercados para o comércio exterior brasileiro, está certo ao reclamar uma revisão da política cambial, que se lhe apresenta com obstinada freqüência no curso de suas viagens de grande sucesso.

  • O livro do futuro

    O escritor italiano Umberto Eco considera que o livro permanecerá para sempre no conjunto dos materiais pedagógicos. Sua tese avança na idéia de que tudo poderia melhorar muito se produzíssemos livros baratos, sem tantas cores exuberantes. Seriam em preto e branco, utilizando computadores de baixo preço.

  • Relatório de viagem

    Desta vez fui de férias mesmo e não mandei despachos sobre acontecimentos em Itaparica, pérola do Recôncavo Baiano onde tive a felicidade de ver a luz pela primeira vez e terra sempre na vanguarda dos interesses nacionais, desde o tempo em que os holandeses andaram se metendo a bestas por lá. Ficaram praticamente todo o ano de 1648, mas padre Vieira, que só por acaso não nasceu na ilha, tanto chamou Santo Antônio às falas que o santo - cala-te boca, mas ele recebia soldo dos militares portugueses e deu moleza para os holandeses muito tempo, tanto assim que chegou até a ser rebaixado por levar grana sem cumprir a obrigação - resolveu se mexer e aí os holandeses foram corridos no tapa e às pressas, deixando para trás quem não estava na praia na hora. Há quem atribua a esse fato a existência de tipos raciais tão variados na ilha, a ponto de Zé Pretinho, que, como a alcunha indica é altamente afro-descendente, haver descoberto, depois de uns sessenta e poucos anos, que tem olhos azuis. Estive com ele no Mercado logo no meu primeiro dia para trocar as saudações de praxe e ele estava muito satisfeito com a novidade.

  • De idéias e dentes

    Leio o título de matéria publicada em jornais: "FHC acusa Lula de ser mais conservador do que ele". Não é caso para entrar no mérito da questão, no chamado julgamento de valor, que se resume em estabelecer o grau de quanto um e outro são conservadores.

  • A moeda e a expressão

    Na edição de ontem, a Folha publicou a tradução de um artigo intitulado "Liberdade de expressão, moeda inegociável", de Theodore Dalrymple, psiquiatra e escritor inglês, que escreve no "City Journal", de Nova York. Fiando-me na tradução da sempre competente Clara Allain, considerei o artigo confuso, entre o óbvio e o equivocado. Sem falar no título, total e intrinsecamente infeliz.

  • Eva era uma sereia

    Já se ouve o gargarejo das cuícas e a Globeleza desapareceu da tela. O que aconteceu? Dizem-me que foi o tempo. Ficaram só as fitas, as fitinhas e a saudade de seu samba no pé.

  • Favas contadas e recontadas

    É raro o dia em que, ao abrir a caixa eletrônica, não encontre, ao lado de esculhambações diversas e merecidas, o pedido de gente aflita, recorrendo ao cronista em busca de uma solução para as coisas que estão acontecendo no Brasil e no mundo.

  • O choque das civilizações

     Li há uns dois ou três anos, não me lembro bem, o livro de Samuel Huntington A guerra das civilizações . Não concordei inteiramente com o ilustre autor, mas dei-lhe razão nas suas conclusões sobre a crise do mundo e a parte que tem nesta crise o Islã.

  • Os Rolling e o Senhor do Bonfim

    Não farei parte dos 2 milhões de fãs dos Rolling Stones que se espremerão nas areias de Copacabana para assistir o show daqueles artistas já combalidos pela idade e pelo repertório. Aliás, alguns jornais afirmam que não serão 2 milhões, apenas 1 milhão, cifra modesta para um megaevento, mas gente pra burro no meu entender.

  • Pesquisas e candidatos

    Escrevi nesta coluna que deve se considerar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva animal ferido, mas não vencido. Em artigo, meu colega José Nêumanne escreveu mais ou menos a mesma coisa, porque não se deve considerar o candidato a reeleição perdido pelos escândalos políticos e por sua paixão de ambulante em avião moderno.

  • Conhece-te a ti mesmo

    Há frases que percorrem o mundo revestidas de autoridade. Basta pronunciá-las para que todos se deixem convencer de seus acertos. Consagradas pelos séculos, elas fazem parte daquele repertório cultural de procedência nobre, citado com freqüência, e que ninguém ousa contestar. São sentenças que, por seu caráter imutável, reforçam equívocos históricos, preconceitos e crenças conservadoras.

  • Ainda a liberdade de expressão

    Semana passada, na onda provocada pela charge que envolvia Maomé e o terrorismo, escrevi uma crônica sobre a liberdade de expressão -liberdade fartamente defendida por aqueles que consideram a mídia como valor absoluto, tudo o mais sendo relativo, inclusive a verdade e as verdades. Disse, na ocasião, que liberdade de expressão não é liberdade de opinião, essa, sim, valor próximo de um dos raros absolutos inerentes ao ser humano.