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Artigos

  • Igreja e o terceiro milênio

    Brasil Norte - Boa Vista - Roraima,, em 27/04/2001

    Diante de um iniciante novo milênio, a Igreja de Cristo se encontra, querendo ou não, em uma curiosa e instigante posição. Ela vê chegar a nova época da história com seu olhar de 2000 anos. Olhar antigo, que viu de tudo, gravou e registrou muita coisa. Mas não gasto e cansado olhar. Olhar que lhe permite comparar o que está por acontecer com tudo quanto ela já pôde contemplar no passado: coisas boas e ruins, satisfações e frustrações, valores humanos e desvalores. Ao mesmo tempo ela lança sobre o novo milênio um olhar de criança, perscrutador e admirativo, disposto a discernir o novo que toda e qualquer transição histórica traz em si. Nesse olhar traduz em si o espanto e a surpresa em face do jamais visto e do inesperado.Muito significativamente, a Igreja já há alguns anos, ao preparar-se para o Terceiro Milênio, recusou uma atitude milenarista. Esta seria ou de mau augúrio de medo e de angústia diante do desconhecido ou de simples festejo, de otimismo superficial e enganoso. A Igreja preferiu interrogar-se sobre os reais desafios que traz a passagem do tempo. É o que não cessa de fazer, cheia de esperança, na soleira da nova etapa.

  • Cem anos de "Os Sertões"

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 11/04/2001

    Há 100 anos, em São José do Rio Pardo, Estado de São Paulo, punha Euclides da Cunha o ponto inicial em seu livro “Os Sertões”. Estava, como engenheiro, reconstruindo a ponte daquela cidade, havendo composto o livro num barracão em que funcionava seu escritório. O texto inicial do trabalho já fizera parte de sua colaboração no jornal “O Estado de São Paulo”.Escrevera-o como jornalista, tendo elaborado suas informações e análises no contato direto com a luta que se saberia ter sido a revolta do Brasil interior contra o litoral europeizado. Por muito primária fosse tal conclusão, seria admissível aceitar-se que os homens de Antonio Conselheiro lutavam contra a República e a favor da Monarquia? Também primária poderia ser essa interpretação.

  • Tragédia no mar

    Correio Brasiliense - Brasília - DF,, em 09/04/2001

    Parece título de filme B - mas anda mesmo morrendo muita gente. São os recentes conflitos no Bálcãs, são os judeus e palestinos se matando uns aos outros, são as bombas dos terroristas bascos, ou irlandeses, ou muçulmanos, e agora essa tragédia com a plataforma de petróleo, na bacia de Campos.

  • Você não decide

    Jornal O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 25/03/2001

    Manda a honestidade que eu avise aos que me lêem e, espantosamente, ainda não notaram que sou paranóico assumido. Estes últimos dias têm sido particularmente estressantes para a minha laia (sim, porque acredito firmemente que muitos compatriotas meus, em graus diversos, partilham desta triste condição). Começou com uma crise financeira na Turquia (!), recrudesceu com o Japão e agora com a Argentina e, de certa forma, os Estados Unidos. Embora eu não tenha nada a perder, a não ser, se a coisa engrossar mesmo, o ganha-pão (vou começar a treinar vender tangerinas nos cruzamentos aqui no Leblon, por via das dúvidas), fico nervos. Leio os jornais e suo frio só com essa zona financeira, para não falar no caso da LBV e nos escândalos e picuinhas políticas.

  • Aposta no conhecimento

    Jornal do Commércio - Rio de Janeiro - RJ,, em 25/03/2001

    Países desenvolvidos que não estão felizes com os rumos da sua educação tomam providências imediatas. Foi assim nos Estados Unidos, quando o Japão emergiu como principal “tigre asiático”.

  • Ficção e história

    Folha de São Paulo - São Paulo - SP,, em 22/03/2001

    Todo mundo sabe o que é ficção científica. O gênero ficou na literatura e no cinema. Pergunta: existe uma ficção histórica? Pode parecer um paradoxo. Ou é história ou é ficção. Mas existe uma história que foi inicialmente produzida pela ficção.

  • A imigração e a cultura brasileira

    O Estado de São Paulo - São Paulo - SP,, em 03/03/2001

    Ao estudar a chegada de grande leva de imigrantes às regiões sudeste e sul do Brasil se tem, geralmente, dado maior importância a seu aspecto econômico, sobretudo em São Paulo, com a substituição súbita de mão de obra escrava pela de trabalhadores europeus, mas não foi menor sua influência do ponto de vista psicológico ou espiritual.

  • A velhice dos símbolos

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 17/01/2001

    O símbolo não é apenas arbitrário: é também frágil. Joyce Cary insistia nessa fragilidade como elemento importante no esforço de renovação que todas as formas de expressão empreendem ao longo dos tempos. O símbolo é frágil, mas toda educação repousa sobre o dogmatismo dos símbolos, a tal ponto que a menor das novidades provoca protestos. É o tipo dogmástico do ensino que, nos últimos séculos, vem destruindo a intuição natural da criança. Pode-se discutir sobre se o desaparecimento dessa intuição haja sido, ou não, um bem, mas, do ponto de vista da conquista de uma linguagem cada vez mais viva, a simbologia precisa de contínuos reaferimentos e renascenças. Toda arte usa símbolos, diz ainda Cary, e a II Guerra Mundial começou ao redor de símbolos. Os preconceitos, raciais, religiosos ou políticos, se nutrem de símbolos e, por sua vez, alimentam esses mesmos símbolos.

  • O mito do fantasma

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 21/06/2000

    Vivemos cercados, literalmente, de mitos. Ou de realidade que se transformaram no que chamamos, apropriadamente ou não, de mitos. Desde que a palavra “imaginário” deixou de ser apenas adjetivo para se apresentar, dir-se-ia que definitivamente, também como substantivo, bibliografias muitas surgiram no setor, a começar por livros de Mircea Eliade, culminando com o ensaio de Gilbert Durand, “Les structures anthropologiques de l'imaginaire” (1960) e “L'histoire de l'imaginaire”, trabalho de Evelyne Patlagean incluído no volume “La nouvelle histoire” (1968).

  • A imagem feminina

    O Estado de Minas - Belo Horizonte - MG,, em 11/06/2000

    Vocês já repararam que o Rio e as outras grandes cidades do Brasil não têm mudado muito em matéria de crimes? Na maioria eles sucedem dentro do binômio homem x mulher e se baseiam todos no amor. É fácil concluir, portanto, que o amor é a mais matadeira de todas as paixões.

  • Língua portuguesa: declaração do Rio

    O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 14/05/2000

    A lusofonia, graças à epopéia descobridora lusíada, abrange os seguintes países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, sem falar em Timor Leste. Como a língua portuguesa é usada hoje por 205 milhões de falantes de várias zonas geográficas, vivendo situações históricas diversas, o intercâmbio lingüístico configura um elemento precioso de vivificação e rejuvenescimento do acervo lingüístico comum.

  • A arte salva os 500

    Jornal Folha de São Paulo,, em 28/04/2000

    Leio em Sábato: “Todos os homens necessitam de um chão e de um lar. Não podem viver sem pátria.” Ou, como queria Unamuno, sem '''mátria', mãe e pátria, verdadeiro fundamento da existência.” Pelo que vi sobre os festejos dos 500 anos, estamos com uma grande dívida de civismo e de amor ao Brasil, agredido sem defesa. Mas eu tenho orgulho e gosto dele, fiquei chocado com tudo o que aconteceu, os insultos e os incidentes.

  • A propósito de modernos

    Jornal do Commercio – Rio de Janeiro – RJ,, em 11/04/2000

    O Globo publicou recentemente, em prosa e verso, um comentário ilustrado em torno da correspondência entre Manuel Bandeira e Mário de Andrade, boa organização de Marcos de Moraes. Contou com uma cuidadosa resenha de Reni Tognoni.

  • Um centenário

    Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - RJ,, em 23/03/2000

    Ao evocar a personalidade de Ari de Azevedo Franco logo vem à lembrança a imagem de um magnífico exemplar humano, magistrado ilustre, ministro do Supremo Tribunal Federal, professor universitário cuja presença ninguém podia ignorar onde quer que se encontrasse, fosse num palácio ou numa choupana. Expansivo, com raro poder de comunicação, semeava empatia, colhendo amizades inumeráveis e séquitos de admiradores. E tudo lhe era espontâneo, natural, na maneira de agir e na forma de dizer. Não perdia vez para um chiste, um trocadilho apropriado ou um comentário sarcástico, em tertúlias entre amigos, em congressos jurídicos, em debates forenses, em conferências, sempre provocando o riso ou o aplauso dos ouvintes.Ari Franco tinha, em meio à sua vibratilidade, a noção exata do limite da conduta a ser seguida em cada instante de sua atuação como juiz. Era um extrovertido que sabia medir os impulsos de seu temperamento, para não chocar a gravidade e a sisudez das solenidades judiciais. Era um homem civilizado, um cosmopolita por intuição; sem ser viajado, nada tinha de provinciano. Magistrado e professor, tornou-se uma figura popular no Rio de Janeiro, por essa sua inata capacidade de convivência com toda a gente, do abastado ao carente, do poderoso ao humilde. Sabia encantar o clero, nobreza e povo.

  • Prioridade cultural

    Jornal do Comércio - Rio de Janeiro - RJ,, em 22/03/2000

    No dia 14 de julho de 1998,a Academia Brasileira da Letras recebeu a visita de confrades da Académie Française, à qual sempre esteve ligada por profundos laços culturais. O então secretário perpétuo da congênere gaulesa, o escritor Maurice Druon, abandonou momentaneamente o texto de seu discurso para propor aos colegas brasileiros a criação do prêmio da Latinidade, a ser conferido pelas duas academias a um escritor de uma das línguas latinas. A acolhida foi imediata e plena.