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Artigos

  • A guerra dos mundos, afinal?

    Por que só agora Bush alardeia a repetição de possíveis ataques abortados aos Estados Unidos, na esteira da queda do World Trade Center? Esteve nesta mira, e seis meses após a catástrofe de Nova York, o mais alto edifício da América, nos seus 334 metros, o Library Building, em Los Angeles, torre coruscante esperando um novo avião suicida. A persistência comprovada da Al-Qaeda explicaria hoje a síndrome de pânico, e o horror, de toda entrada de estrangeiro nos Estados Unidos, na trituração dos vistos e das revistas nas cancelas de acesso ao Império.

  • Alegria, alegria

    Quero falar do tempo carnavalesco, hora da alegria. Mas alegre mesmo deve estar o presidente Lula com as pesquisas e simulações eleitorais. Nada alegra mais um político candidato do que uma alentadora pesquisa. Eu acho até que as fotos de cartazes só deveriam ser tiradas no dia do resultado de uma boa pesquisa. Eu tive um grande eleitor, Sebastião Furtado, que morava em Parnaíba, Piauí, mas tinha propriedades em Araioses, Maranhão, onde fazia política e foi prefeito, que uma vez me revelou - num tempo em que ainda não existia Ibope - como avaliava aquele que seria vitorioso. Uma vez, em 1955, eu cheguei para fazer campanha e levava uns cartazes para serem pregados na cidade - cartazes meus e dos candidatos a governador e a vice. Desenrolei-os, mostrei ao Sebastião Furtado. Ele me disse então: "É esse nosso candidato?". "Sim, Sebastião, é esse". "Pois não ganha não. Eu já sou bem antigo na política e conheço candidato que ganha eleição pelo cartaz. Já conheço a cara do ganhador". "Mas Sebastião, é um homem de grande chance, estamos unidos em torno dele, é um Brigadeiro da FAB". Sebastião me retrucou: "Mas tem olhos de "hervado"". Era assim que se chamavam os consumidores de maconha. Ora, seu diagnóstico foi tiro e queda. Perdemos a eleição fragorosamente. Depois disso, antes de sair em campanha, eu mandava os cartazes para o Sebastião com o recado: "Dê sua opinião". Era o precursor dos marqueteiros, sem risco de contas nas ilhas Cayman.

  • Notícias frescas de Pau Vermelho

    A República de Pau Vermelho está em crise. Seria um pleonasmo, uma vez que as repúblicas irmãs de Pau Vermelho estão sempre em crise e em crise viveram os pauvermelhenses. Desta vez, porém, a crise será para valer. Estão todos cansados de crise e já nem os jornais vendem mais quando o país entra numa delas. Todos estão cheio da crise.

  • Atualidades de Maltus

    Recente entrevista nas páginas amarelas de Veja mostrou a atualidade do velho Maltus, o autor da fascinante advertência de que a população iria aumentar consideravelmente, vindo a tornar-se um problema gravíssimo no futuro. Segundo o entrevistado de Veja, esse dia chegou e o mundo está transbordando de populações. Pode-se fazer uma idéia aproximada do que seja uma população de um bilhão e duzentos milhões de habitantes na China, mais de um bilhão na Índia e nós aqui no Brasil caminhando para duzentos milhões.

  • O jeito carioca de ser

    Calor de 40 graus, muito sol e muita praia, muita mulher bonita, bumbuns que não precisam de silicone - o Rio está na dele. Junte tudo aos Rollings Stones, à proximidade do Carnaval e ao contraponto da briga na Rocinha entre traficantes e policiais - que todos acabem uns com os outros, para o bem da cidade - e o carioca está vivendo sua "finest hour", meio avacalhada, mas gostosamente sua, intransferível.

  • Bravo à Petrobras!

    A Petrobrás anuncia com grande e merecido garbo que está preparada para atender ao consumo total de petróleo no País, notícia sem dúvida alvissareira, pois nos liberta de uma tremenda expectativa de outro choque de preços decretado pela Opep, como em 1973. O problema do petróleo no Brasil foi até há alguns anos marcado por dissonâncias lamentáveis, dentre elas prisões insensatas determinadas pelo Executivo, como a do grande escritor Monteiro Lobato. Mas esse tempo acabou. Hoje temos uma grande empresa petrolífera, uma das maiores do mundo, capacitada a atender a todo o consumo brasileiro em condições vantajosas para a economia nacional.

  • Merquior: um grande ensaísta

    Pude ver o nascimento intelectual de José Guilherme Merquior (1941-1991) nos idos do Jornal do Brasil, quando ele já era precocemente bem aparelhado e perceptivo. Hoje se diria esperto e antenado. A partir daí, ele foi construindo uma obra crítica de importância exemplar.

  • Elegia à bala perdida

    Nada tenho contra os motoristas de táxi, embora pouco recorra a eles. Mas outro dia, justamente quando houve a última guerra na Rocinha entre dois bandos rivais, dos dois bandos rivais contra a polícia e da polícia contra os dois bandos rivais, precisei ir da praça Quinze ao Leme. Tomei um táxi novinho, ar-refrigerado em bom funcionamento, a licença do motorista com foto respectiva atestando que ele se chamava Gervásio Antônio de Oliveira.

  • Burocracia impossível

    Um dos presidentes do período militar convidou o saudoso Hélio Beltrão para, com o título de ministro, executar planos de desburocratização da máquina administrativa, de longa data enferrujada em tal dimensão que causa seríssimos prejuízos à economia nacional. É sabido que o Brasil tem uma das mais atrasadas burocracias do mundo. Os reflexos destas anomalias se expõem, por exemplo, nas exportações conseguidas pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de mercadorias adquiridas por mercados estrangeiros. Um dos grandes males do País é esse, a burocracia animalizada preguiçosamente nos obstáculos que se interpõe entre a economia, o consumo e o desenvolvimento. O Brasil não está melhor no que diz respeito ao desenvolvimento por não dispor de uma administração tecnicamente eficaz , bem preparada, afim de dispensar papéis e carimbos, obstáculos de difícil conquista e que, portanto, emperram o crescimento econômico.

  • Machado e Rosa

    Teremos, dentro de dois anos, duas datas literárias da maior relevância, pois o ano de 2008 lembrará dois acontecimentos marcantes; o centenário da morte de Machado de Assis e o centenário do nascimento de Guimarães Rosa. Pode-se imaginar, nos limites da saída e do ingresso neste vale de sonhos, um encontro de Machado de Assis e Guimarães Rosa, o primeiro dizendo ao segundo: "Toma, Rosa - agora o facho é teu."

  • Cascas de laranja

    Sempre ouvi dizer que não se deve brincar com a fome. Nem com a própria nem com a dos outros. Por isso mesmo, bem antes dos atuais escândalos que envolveram o governo e o PT logo no início do mandato de Lula, acredito que fui dos primeiros e mais constantes críticos do Fome Zero, que considerei demagógico, assistencialista e inútil.

  • As estátuas falam

    Não sei, parece que foi nada menos do que Freud o primeiro a tentar descobrir o que o "Moisés" de Michelangelo estaria falando ou sentindo quando foi imortalizado naquele formidável mármore que se encontra em Roma, na igreja de São Pedro in Vinculis.Freud dizia que Moisés acabara de descer o monte Sinai, onde recebera as tábuas da lei diretamente do Senhor. Encontra seu povo, que ele salvara do cativeiro e conduzia à Terra da Promissão, numa orgia pagã. Liderados por seu irmão, Aarão, aproveitando a ausência do líder, estão adorando não o Deus que os tirou do cativeiro, mas um Bezerro de Ouro.

  • Política Cambial

    O brilhante ministro Luiz Fernando Furlan, sem dúvida um vitorioso na pugna de dimensão internacional pela conquista de mercados para o comércio exterior brasileiro, está certo ao reclamar uma revisão da política cambial, que se lhe apresenta com obstinada freqüência no curso de suas viagens de grande sucesso.