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Artigos

  • Congresso limitado

    “Tão importante como legislar é uma fiscalização vigilante da administração, e ainda mais significativa do que a lei é a instrução e orientação em assuntos políticos que o povo pode receber de um Congresso disposto a discutir às claras os problemas nacionais.” Essas palavras, que conservam enorme atualidade, foram proferidas em 1884 por Woodrow Wilson, então professor de economia política em Princeton e, posteriormente, presidente dos Estados Unidos.

  • A construção de aeroportos

    Não se pode procurar um modelo de aeroporto, pronto e acabado, nas ruas do velho e celebrado Triângulo desta megalópole que não pára de crescer. De todas as obras civis que a engenharia enfrenta, nenhuma é mais complexa do que o aeroporto. Vamos aos casos concretos. Primeiro temos que escolher o local apropriado; confesso que não vejo em São Paulo um terreno adequado a se prestar à um aeroporto de grande circulação, segundo as verbas necessárias para sua construção, num Tesouro apertado de obrigações fatais e inadiáveis. Tudo isso leva tempo, custa dinheiro e as gerações passam.

  • O fim do PT e a ascensão do lulismo

    Talvez julguem que a expressão “fim do PT” seja uma provocação. E talvez venha a redundar nisso, a depender do leitor, mas não é minha intenção. Na verdade, é o resultado de uma constatação tão “neutra” quanto é possível fazer constatações neutras, em matéria deste tipo. E é absolutamente honesta. Lembro, embora não literalmente, uma frase de Bernard Shaw a respeito do cristianismo. “A crucificação de Cristo foi o maior êxito político do Império Romano, porque o cristianismo acabou assim que Cristo expirou.”

  • As razões ocultas

    Na fronteira da França, existe um castelo em ruínas. Resolvo visitá-lo, mas, ao me aproximar, um senhor me diz: “Não podes entrar”. Explico que venho de longe, tento lhe oferecer uma gorjeta – de repente, sem nem saber o porquê, entrar no castelo se tornou importante para mim. “Não podes entrar”, ele repetiu. Resta a mim uma alternativa: seguir adiante e esperar que ele me impeça fisicamente. Vou até a porta, ele me olha, mas nada faz. Em certos momentos, o mundo nos pede para lutar por coisas que não conhecemos, por razões que jamais vamos descobrir.

  • Um olhar revelador

    Um experiente político brasileiro, acostumado a fazer visitas às suas bases eleitorais, dá o seguinte conselho: “Ao entrar numa casa, observe o comportamento das crianças. Se alguma começar a lhe olhar torto, pode ter certeza de que escutou seus pais falando mal de você”. O olhar de uma criança é a melhor maneira de decifrar nossas vidas e o mundo em que vivemos. Mas nos sentimos obrigados a sempre fazer gracinhas para elas. Aquela alma ainda é pura. Não permitimos que Deus nos dê seus recados, porque nos julgamos mais sábio do que um olhar infantil.

  • Machado de Assis em Londres

    Entre os dias 18 e 22 de junho passado, o maior dos escritores brasileiros - cujo humor de estilo britânico tem sido, aliás, sempre recordado - esteve em evidência em Londres. Com a impecável organização da embaixada do Brasil, a Semana Machado de Assis abriu a série de manifestações - especialmente da Academia Brasileira de Letras - a celebrar, até o final de 2008, o centenário de seu falecimento.

  • Os erros e o desastre

    Os erros da TAM têm alcance apenas aqui, mas os erros da Airbus têm um alcance universal, podendo causar novas vítimas, motivo porque é preciso alertar os seus fabricantes franceses, e as nações associadas, sobre a eventualidade de desastres, que afetarão duramente o bom nome da empresa e a grande propaganda que os fabricantes fizeram dessa máquina de notável consistência.

  • Casa-grande e senzala

    RIO DE JANEIRO - Para quem já nasceu cansado, como o cronista, participar do movimento daqueles que se declaram cansados é, além de um esforço suplementar, um esforço inútil. Durante os oitos anos do governo de FHC, quase diariamente eu me declarava cansado -e não adiantou. Antes mesmo da posse de Lula, eu já estava exausto de saber que nada iria mudar, o que acaso mudasse, mudaria para pior.

  • O nosso Kafka

    Tivemo-lo. E, como era de se esperar, em Minas Gerais. Inclusive, por ser eminentemente mineiro e de lá pouco ter saído. Foi Murilo Rubião (1916-1991), grande contista de nossa literatura, hoje não muito presente nas notícias literárias do País. Nascido em Carmo de Minas, viveu a maior parte de seu tempo em Belo Horizonte. Desde seus primeiros textos viu-se que ele ia além da realidade. Surrealista? Sim, mas só até certo ponto. Simbolista? Sim, no caso de ser identificado, em cada passo de sua narrativa, uma segunda linguagem, simbólica, imanente em seus enredos.

  • Idéia e memória

    RIO DE JANEIRO - Em "La Notte", um dos filmes emblemáticos de Michelangelo Antonioni, o escritor interpretado por Marcello Mastroianni, cobrado pela mulher (Jeanne Moreau), diz que não tem mais idéias, tem memórias. Ingmar Bergman, que morreu horas antes de Antonioni, admitia que toda a sua obra nascia de seu passado, notadamente de sua infância.

  • Superar obstáculos

    Mário largou tudo para abrir uma livraria, a “Excalibur”, em Buenos Aires. Certa noite, em sua livraria, blasfemou contra si mesmo. Estava afundando em dívidas, e os colaboradores ameaçavam pedir sua falência. Lembrou-se de um filme, “Windy city”, no qual um ator gordo tem tanta fé que supera seus obstáculos. “Não sou como ele”, pensou. Virou-se para apagar a luz, quando alguém entrou. “Está fechada”, disse para o cliente. Folheando alguns livros estava J. Mostal, o ator de “Windy city”, que visitava a Argentina. Mário compreendeu o sinal e superou os obstáculos.

  • A liderança do São Paulo

    Peço licença aos meus leitores para não ser acadêmico, como é o meu dever, vindo a escrever sobre a extraordinária carreira do São Paulo Futebol Clube . Aqui na Associação Comercial de São Paulo temos um dirigente do futebol campeão, o Dr. Márcio Aranha, a quem todos nós, funcionários da Casa, admiramos e respeitamos.

  • Cansaram-se do estado de direito

    Em boa hora, de logo, a OAB do Rio de Janeiro, pela palavra candente do presidente Wadih Damous, impediu que se generalizasse a visão de uma advocacia ligada à ideologia clássica do moralismo udenóide brasileiro. Compreende-se a entrada em cena, pelo Cansei dos ricos super-ricos, confundindo a ordem pública com as benesses do status quo, que os favorece ainda mais. Mas a OAB de São Paulo não pode se atribuir o exercício privativo da cidadania, como se, naturalmente, o Brasil, visto dos seus luxuosos escritórios, fosse a paisagem da nação que acorda. De imediato, a reação dos sindicatos e dos movimentos sociais - passando ao "cansamos" - isolou de logo o mote de Paulo Zutollo, da sua Phillips, das suas verbas publicitárias, convocatórias eletrônicas, e consultorias milionárias para a movimentação da campanha.