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Artigos

  • Pequenos prazeres

    Está certo que devemos cuidar de nosso corpo. Está certo que devemos aproveitar nosso tempo. Mas não devemos esquecer que a vida é composta de pequenos prazeres. Eles foram colocados aqui para nos estimular, nos ajudar em nossa busca, nos dar momentos de repouso, enquanto travamos as batalhas diárias. Não existe nenhum pecado em ser feliz. Não existe nada de errado em, uma vez ou outra, transgredir certas regras de alimentação ou de alegria. Não se culpe se, de vez em quando, você perde tempo com bobagens. São os pequenos prazeres que nos dão grandes estímulos.

  • Pneu furado

    Quando eu era criança, essa história era apenas uma piada. Mais tarde, descobri que muitas vezes agimos assim. “Um sujeito está dirigindo uma luxuosa Mercedes Benz quando o pneu fura. Ao tentar trocá-lo, descobre que falta o macaco. ‘Bem, vou até a primeira casa e peço emprestado’, pensa ele: ‘Talvez, o sujeito, vendo meu carro, queira me cobrar algo pelo macaco’, diz para si mesmo logo depois. ‘Um carro como este e eu precisando de macaco... Vão querer me cobrar uns R$ 20, pelo menos. Não, talvez cobrem até R$ 50. O cara vai perceber que estou numa grande furada. Já vi tudo, vai aproveitar e tentar me tirar R$ 100’.

  • Péssima fama

    As pessoas repararam que o rabino Shelomo começou a passear por lugares de péssima fama. Os fiéis começaram a pensar e comentar que o rabino havia abandonado a busca espiritual e que agora só desejava divertimento. As conversas circularam e ninguém mais queria freqüentar a sinagoga. Um rapaz resolveu advertir o rabino: “O senhor freqüenta lugares suspeitos e as pessoas não gostam disso”. O rabino responde ao jovem: “Se você quer tirar um homem da lama, não basta estender a mão de longe. A solução é também entrar na lama e puxá-lo para fora”.

  • Cercados pela culpa

    Vivemos cercados por culpa. Nos sentimos culpados pelo que há de autêntico em nós: opiniões, desejos ocultos, maneira de falar. Nos sentimos culpados até mesmo por nossos pais e irmãos. O resultado é a paralisia total. Ficamos com muita vergonha de fazer coisas que sejam diferentes do que esperam de nós. Com isso, acabamos não expondo nossas idéias e sempre justificamos dizendo a mesma frase batida: “Jesus sofreu e o sofrimento é necessário”. O único problema é que, com desculpas deste tipo, o mundo inteiro não consegue seguir adiante.

  • Os erros

    Freud diz que os erros são, na verdade, uma maneira que temos para castigar a nós mesmos. Sabemos o alto preço que vamos pagar e o sofrimento que nosso gesto poderá trazer. Mesmo assim, fazemos o que não deveríamos. A mulher feia se torna ainda mais feia, pois não conseguiu encontrar ninguém. O solitário tranca-se em casa, já que não tem companhia. O alto executivo enfarta, mas continua trabalhando demais.

  • Sono é desperdício? Não, sono é vida

    Em New Jersey, nos Estados Unidos, visitei os famosos laboratórios de Thomas Edison em Menlo Park. Ali, estavam os instrumentos que usou trabalhando nas invenções que mudaram o mundo (o fonógrafo, por exemplo, precursor dos iPods). Ali, estavam também seus livros e objetos diversos. Mas a coisa mais curiosa e surpreendente era uma pequena cama, colocada no meio mesmo da área de trabalho. Ali, disse o guia que orientava a visita, Edison dormia um pouco, umas duas horas, mas somente quando estava muito fatigado. Em seguida, voltava ao trabalho. Para ele, sono era sinônimo de preguiça. Dormir muito seria tão prejudicial à saúde como comer muito.

  • Dois dias

    Podemos achar que tudo que a vida nos oferece amanhã é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, cada manhã traz uma benção escondida. Uma benção que só serve para este dia, e que não pode ser guardada ou reaproveitada. Se não usarmos este milagre hoje, ele se perderá no tempo.

  • Missão cultural em Berlim

    Não é que eu imagine que vocês estão tremendamente interessados, mas creio que devo explicar por que, de repente, vim parar em Berlim outra vez. Afinal, faço parte dos equipamentos urbanos do Leblon e tenho minhas obrigações de componente do mobiliário do famoso boteco Tio Sam todos os fins de semana. Ontem e hoje, por exemplo, imagino a perplexidade que tomou conta de todos os afetados pela minha ausência e, possivelmente, a revolta expressa por alguns, ao constatar que mais um irresponsável se junta ao vasto rol que já nos aflige imemorialmente.

  • Histórias e verdades

    “Se você tem que disparar a flecha da verdade, primeiro adoce sua ponta no mel”, diz um velho provérbio chinês. Isso vale a para a experiência espiritual. A verdade não é pensar sobre a vida, mas experimentá-la. Por isso, a maior parte dos ensinamentos vem de parábolas e pequenas histórias. O jesuíta Anthony de Mello, que colecionou histórias das diversas tradições espirituais, dizia: “Com as histórias, você faz um curso espiritual. Guarde-as na memória. E quando tiver que provar algo, use uma história. É impossível resistir ao fascínio da expressão: ‘Era uma vez...’”.

  • Histórias de plágio

    RIO DE JANEIRO - Ainda não me dei ao respeito de ler a biografia do Paulo Coelho escrita pelo sempre competente Fernando Morais. Amigos que a leram me informam, alarmados, que o mago, em início de carreira, plagiou uma crônica minha para se habilitar ao emprego num jornal do Nordeste. Nada tenho contra. Lamento apenas a falta de gosto ou de informação do Paulo. Bem que poderia ter escolhido autor mais importante.

  • Crime de militares

    A notícia de que militares são responsabilizados por crime no Rio de Janeiro - pelo qual o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobe o Morro da Providência e pede perdão as mães dos jovens executados por milícias rivais - criou um caso pavoroso entre o Exército e comunidade civil. Embora o pedido de perdão tenha sido divulgado por todos os meios de comunicação, a rigor não foi ele aceito pelas famílias dos jovens entregues aos traficantes, que os torturaram e os executaram.

  • Um erro na Providência

    O CONCEITO e a idéia das Forças Armadas estão ligados indissoluvelmente à existência do Estado. As próprias finalidades deste último legitimam a manutenção de forças organizadas com o propósito de tornar efetiva a soberania e de enfrentar conflitos. Para isso, elas terão de ser capazes de garantir a própria existência do país e de enfrentar ameaças externas. Daí a necessidade de serem modernas, profissionalizadas, com salários dignos e recursos humanos bem preparados.

  • Permanência de Clarice

    A literatura de Clarice Lispector pode ser tida como o grande exemplo da ficção simbolista no Brasil. A linhagem do gênero é larga e longa. Há mais de cem anos que o simbolismo narrativo, tal como o concebemos hoje, começou a se firmar no mundo. Escrevendo sobre Théophile Gautier, dizia Baudelaire que a nova ficção devia ligar-se à poesia, não tomando-lhe emprestado metro e rima, acrescentava, mas aproveitando-se de sua "concisa energia" de linguagem. Num estudo sobre simbolismo em geral,"The literary simbol", enumera Willian York Tindall os motivos pelos quais o romance superou a poesia no século XX.