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Artigos

  • Japão/Brasil

    Eles vinham de longe. Do oriente distante. Para ajudar um país jovem a seguir plantando café, sua fonte de riqueza. Ao fundo, um acordo. Bom para ambos: o Brasil carecia de mão-de-obra, o Japão vivia grave crise demográfica. No acordo, de um lado estava Tibiriçá, presidente da província de São Paulo, do outro, Mizuno, tido como pai da imigração japonesa.

  • A prorrogação da CPMF

    Está empenhado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na aprovação da lei que prorroga a CPMF. Esse imposto veio para ser provisório e não foi suficientemente combatido na época. Mas, como fixou J. Carlos na caricatura sobre as leis de Getúlio Vargas depois da Revolução de 30 , o Brasil é um país singular; o provisório torna-se sempre definitivo.

  • A invenção da verdade

    A percepção e a análise do poema surgem como indicações indispensáveis para que a poesia acabe sendo uma invenção da verdade, ou a invenção de pequenas verdades que, por momentos, elevem o homem acima de sua contingência. Ao dar, já lá se vão quase 25 anos anos, o título de "A invenção da verdade" a um livro meu com ensaios sobre poesia, revelava minha convicção de que a poesia feita num país é o retrato mais seguro para avaliar esse país como digno de atenção e respeito. É o caso de se dizer que um povo que produziu uma "Invenção de Orfeu" pode ter certeza de que ultrapassou os limites da mediania e que o autor, Jorge de Lima, inovou o idioma falado por esse povo para dizer que ele existe.

  • O abandono de Congonhas

    O Aeroporto de Congonhas, depois de reformado, foi abatido em sessenta vôos, desviados a partir de anteontem. Com essa decisão, os passageiros foram prejudicados de um momento para outro. Este problema vem ocorrendo desde o desastre em que morreram 199 pessoas. É um problema a ser considerado cautelosamente e não de afogadilho, com moderação, pois só Congonhas é um aeroporto adequado a atender os sessenta vôos desviados para outros destinos. Em suma, a crise no transporte aéreo continua no principal estado brasileiro.

  • Homens e idéias

    RIO DE JANEIRO - Consta que Diógenes, com o sol mediterrâneo lambendo forte os mármores clássicos de Atenas, saía do tonel em que vivia e, de lanterna acesa, andava pelas ruas espantando a todos que o julgavam louco. Com tanto e tamanho sol, a luz de uma lanterna era, além de um pleonasmo, a prova de uma demência em progresso.

  • Newton Sucupira e a universidade profunda

    Com o falecimento de Newton Sucupira perdemos o remanescente dos educadores brasileiros responsáveis pela efetiva criação de uma política pública nesta área crítica de nosso desenvolvimento. Superando o velho idealismo das nossas elites passávamos, Anísio Teixeira à frente, à realidade da nossa mudança.

  • A aposta tranqüila de Renan Calheiros

    Os dias após a absolvição de Renan suscitaram interrogar todo o país quanto à suportabilidade do desfecho e aos limites de um mal-estar nacional. O inconformismo começa pela rebeldia do próprio aparelho institucional, com reflexos sobre a Carta Magna, da desobediência pelas oposições do seu dever no legislativo. Que respeito ao Estado de Direito é esse, diante de procedimentos democraticamente realizados, em rigorosa observância de suas maiorias? Não há greve no parlamento. Negar-se a votar ou dar quórum pelos formalmente derrotados implica lesão da República, tanto fere o ato de governar. De outra parte, ao lado do bom senso institucional a prevalecer, o país dá-se conta dos extremos da pressão coletiva dentro do jogo democrático. Deparamos a pressão direta por todos os meios de comunicação sobre o Presidente do Senado, no quadro já de apelo à sua consciência, ou à preservação de sua imagem avaliada e reavaliada pelo primeiro interessado. O futuro imediato é imprevisível, tendo-se em vista, tanto os novos desafios da modernidade ao protesto coletivo, quanto o ineditismo da figura política de Renan Calheiros. É em vão que se imaginará, por exemplo, que a enxurrada de e-mails e a onda eletrônica terão o impacto devastador previsto sobre o absolvido.

  • "Vamos a falar sério"

    Devemos examinar a alternância entre adjetivos e advérbios. Na Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, Editora Lucerna, 37a edição, há casos em que a língua permite usar ora o advérbio (invariável), ora o adjetivo (variável). Os exemplos são múltiplos e bastante esclarecedores. O primeiro exemplo pode ser encontrado em Camilo Castelo Branco, nesta série selecionada, em que privilegiamos autores portugueses. Não há uma razão especial para isso, apenas a comprovação de que, embora falemos o mesmo idioma, há formas diferentes de construir frases, mantida a sua natural compreensão:

  • A palavra escrita

    Escreva. Seja uma carta, um diário ou algumas anotações enquanto fala ao telefone. Mas escreva. Escrever nos aproxima de Deus e do próximo. Se você quiser entender melhor seu papel no mundo, escreva. Procure colocar sua alma por escrito, mesmo que ninguém vá ler o material produzido ou, o que é pior, mesmo que alguém termine lendo o que você não queria. O simples fato de escrever nos ajuda a organizar o pensamento e ver com clareza o que nos cerca. Um papel e uma caneta operam milagres. A palavra tem poder. E a palavra escrita tem mais poder ainda.

  • Discussão e brigas

    Dois sábios conversavam: “Vamos brigar para que não nos afastemos do ser humano”, disse o primeiro. “Não sei nem como começar uma briga”, falou o segundo. “Façamos o seguinte: eu coloco este tijolo aqui e você diz: ‘é meu’. Eu digo que não e nós dois começamos a discutir até brigar”. Assim os dois fizeram. Mas logo um deles disse: “Não percamos tempo com isto, pegue logo o tijolo”. “Sua idéia para a briga não foi nada boa”, disse o outro. “Ao ver que a alma é imortal, é impossível brigar feio e até mesmo discutir por causa de pequenas coisas”.

  • A filosofia e o jardim

    O filósofo alemão Shopenhauer andava por uma rua tranqüila em busca de respostas para várias questões que o angustiavam há muito tempo. De repente, ele deu de cara com um jardim muito bem cuidado e ficou horas seguidas olhando as flores, inerte com tamanha beleza. Um vizinho viu o comportamento estranho daquele homem e tratou logo de chamar a atenção da Guarda. Minutos depois, um policial se aproximou. “Quem é o senhor?”, quis saber o policial. Shopenhauer disse: “Se o senhor souber responder a esta pergunta eu lhe serei grato”.

  • Lembrando Zé Lins

    Ao publicar Menino de engenho, em 1932, aos 31 anos de idade, numa edição à custa do autor, José Lins do Rego se revelava um escritor pleno de uma sangüínea vitalidade, alcançando um sucesso raro para um livro de estréia. Após seu segundo livro, Doidinho, publicado pela Editora Ariel, o grande romancista paraibano recebeu uma carta, que se tornaria famosa, do jovem editor José Olympio, propondo a reedição da obra de estréia e a edição, numa tiragem de 10 mil exemplares, do seu próximo romance, que seria Bangüê. Dizem que Zé Lins, como era geralmente conhecido entre os amigos e depois sê-lo-ia nacionalmente, mal pôde acreditar na oferta temerária.

  • Um cavalo! Um cavalo!

    RIO DE JANEIRO - Em situações limite, vale qualquer coisa. Rezar é uma delas. Pedir um cavalo pode ser mais prático, mas se deve dar alguma coisa em troca. No caso do rei de Shakespeare, ele ofereceu o reino por um cavalo -negócio atraente para quem tivesse um cavalo e desejasse ganhar um reino.

  • O dilema

    A galinha observava o faisão à distância sempre que podia. O pobre animal passava dias seguidos com fome, tinha muita dificuldade de encontrar água e nem sempre achava um lugar confortável onde pudesse dormir. Certa tarde, a galinha aproveitou uma oportunidade e resolveu conversar com ele. “Veja como estou bem”, disse ela para o faisão. “Tenho um dono que me cuida, um lugar para beber água quando quero e sempre me colocam milho suficiente para comer com fartura. Por que você não experimenta levar o meu tipo de vida?”