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Artigos

  • A confusão é geral

    Há frases de Machado de Assis que ficaram para sempre na memória dos bons leitores brasileiros. Uma delas é “ao vencedor, as batatas”. A outra, “a confusão é geral”. Parece que, no Governo, há uma acentuada preferência por esta última.

  • Encontros sociais

    RIO DE JANEIRO - "Diante de dois imbecis desconhecidos, eu me torno mais imbecil do que eles." Li essa frase num velho almanaque no tempo em que havia almanaques, que funcionavam mais ou menos como o Google de hoje. Eles ensinavam o melhor modo de tirar manchas dos brocados, do melhor mês para plantar mandioca e lembravam que Agripina morreu no ano 59 da era cristã.

  • Rivalidades

    RIO DE JANEIRO - Não é somente no amor, na política e nos esportes que predominam as rivalidades. Nos setores profissionais, entre médicos, arquitetos, artistas, advogados, especialistas disso ou daquilo, a concorrência muitas vezes é na base do vale-tudo. E os escritores não fazem exceção à regra. Pelo contrário, há rivalidades históricas.

  • A queda de Paulinho

    Não ia eu dedicar um comentário total ao Paulinho da Força , acusado de ter desviado dinheiro do BNDES. Não sei de quanto foi o desvio e para que se desviou tanto dinheiro pertencente ao Erário, no qual não se deveria tocar, muito menos um antigo membro da Força Sindical.

  • Tô "grade"

    O CHAMADO grau de investimento alcançado pelo Brasil tem suscitado as opiniões mais divergentes entre políticos e técnicos. Uns dizem que é o céu, outros, o caminho do inferno. A notícia de que o Brasil passa a ser um país seguro e confiável para quem quiser investir é logo contraditada: isso vai nos tornar mais perdulários. Um articulista de renome chegou a sintetizar: "passamos do risco de calote ao risco de cassino".

  • Vai faltar batata

    Há frases de Machado de Assis que ficaram para sempre na memória dos bons leitores brasileiros. Uma delas é "ao vencedor, as batatas". A outra, "a confusão é geral". Parece que, no Governo, há uma acentuada preferência por esta última.

  • Terceiro mandato: a gula e o golpe

    Não temos precedentes desta popularidade presidencial, em meio a um segundo mandato, desalentando toda a chance de uma oposição, na expectativa clássica da usura dos governos. Só aumenta, neste momento, a previsão da subida de Lula nesta identidade de um Brasil de fundo com o Chefe da nação. E nos questionários deste suporte maciço, não se salientam programas específicos, mas esta sensação de melhoria geral, no vínculo simbólico ao "Lula lá".

  • A kitanda do seu António

    Quando se pergunta quando é que o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa entrará em vigor, há um certo clima de perplexidade. Uns dizem que será ainda este ano, outros afirmam que o nosso governo decidiu internamente que dará um prazo de dois anos para que isso aconteça, enquanto Portugal fala em seis anos para as mudanças, aliás, nem tão profundas assim.

  • Amazônia afetada

    O mundo está ficando tão pequeno que as ações vão acabar fora dos atuais limites, sem diplomacia e sem a ONU, ficando um grande campo aberto a concorrência dos mais fortes.

  • Cérebro de mãe é diferente

    A Segunda Guerra teve na Europa resultados catastróficos, e não só em termos de destruição material. Milhões de pessoas pereceram, e muitas crianças ficaram sem os seus pais, vagueando pelas ruas ou pelas estradas. Na tentativa de avaliar os efeitos desta triste situação, a Organização Mundial da Saúde comissionou o psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby para fazer um estudo a respeito. O resultado foi um documento intitulado Cuidados Maternos e Saúde Mental que, de imediato, teve enorme repercussão. A criança, diz Bowlby, precisa de uma cálida, íntima e contínua relação com a mãe ou com uma figura materna. Sem isso, gera-se um quadro que ele chamou de deprivação (deprivation), e que é diferente de privação. Nesta última situação, não existe primariamente figura materna. Na deprivação, existe, mas é perdida, e o efeito, para a criança, é muito grave.

  • OS CWs vêm aí

    Já devo ter contado aqui, ao longo de todos estes anos, que meu avô materno, o iracundo coronel Ubaldo (Ubaldo não é nome de família, é o de pia mesmo - acho que uns noventa por cento dos Ubaldos se concentram na minha família, mania estranhíssima), não punha as mãos em nada que fosse elétrico. Mas talvez não tenha contado e, de qualquer forma, há sempre alguém lendo esta coluna pela primeira vez, e espero que não pela última, de maneira que, somando-se o cada vez maior número de desmemoriados, pode ser que esteja oferecendo a alguns uma novidade.

  • Mães não morrem, ficam encantadas

    Parafraseando Guimarães Rosa, mães não morrem, ficam encantadas. Retiram-se deste mundo, sem dúvida, mas apenas para continuar a observá-lo lá de cima, do "assento etéreo", para usar outra expressão famosa, esta de Camões, cujo poema diz: "Se lá no assento etéreo onde subiste / memória desta vida se consente / não te esqueças daquele amor ardente..." Este "se" não se aplica às mães. Elas não precisam de consentimento para lembrar, para ter acesso à "memória desta vida"; mães lembram sempre, mães não esquecem. Mães nunca esquecem a hora da mamada, a hora de dar o remédio para o filho doente, as coisas que devem comprar no super. Borges criou um personagem, Funes, "o memorioso" que não conseguia esquecer de nada, o que era para ele causa de sofrimento. As mães são memoriosas, mas de maneira diferente: a memória para elas é alegria de viver, é o motor da própria vida. De modo que, lá nos seus assentos etéreos, os cintos de segurança convenientemente afivelados (há um preço por estar nas alturas) elas lembram. Lembram de quê? Dos filhos, em primeiro lugar. Podem lembrar suas próprias vidas, o namoro, o casamento, a profissão que tiveram; mas, em termos de lembranças, a prioridade vai para os filhos. E aí contam, umas para as outras, aquelas histórias mirabolantes que todas as mães adoram. "Quando meu filho tinha três anos, uma vez pegou o violão do pai dele e tocou Imagine, de John Lennon, inteirinho, acreditam?" Claro que acreditam, assim como acreditam na menina que aos seis anos já lia Guimarães Rosa, e no garotinho que aos oito tornou-se campeão de basquete. Para mães que lembram, os filhos sempre foram prodígios, sempre foram campeões.

  • A pobreza da abundância

    RIO DE JANEIRO - Crítico inglês de música pop, escrevendo para jornais não necessariamente ligados à temática que escolheu, Simon Reynolds, 45 anos, autor de "Bring the noise" (Faber&Faber), reclama não da diversidade, mas da redundância e banalidade que penetram em todas as áreas do pensamento e da criação artística.