Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Gauchidade e alpargatas

    Guri nascido e criado no bairro do Bom Fim eu não podia me considerar um gaúcho da gema, daqueles da Fronteira. Eu tinha bombachas, claro (que a gente, por alguma razão, só usava em Capão da Canoa), e algumas vezes andei a cavalo com resultados tão deprimentes que os eqüinos corriam a se jogar no divã do analista mais próximo. Quando O Centauro no Jardim foi publicado nos Estados Unidos, a editora America resolveu preparar material de divulgação e chamou um fotógrafo (não, infelizmente não era o Beto Scliar) para fazer algumas fotos. Ouvindo falar em "centauro" o rapaz teve uma idéia: fotografar-me no Central Park cavalgando. O que eu recusei, claro. Poderia contar com a compaixão, ainda que constrangida, dos cavalos do Rio Grande, mas um eqüino americano certamente me atiraria da sela. Ainda estava rindo da idéia quando o cara me fotografou - e a foto saiu ótima. O clássico caso de escrever direito por linhas tortas.

  • Ficção como denúncia

    O Quixote brasileiro: foi assim que Oliveira Lima, em 1916, classificou Lima Barreto. Por que o teria feito? Veria uma ligação maior entre o herói de Cervantes e o inventor de Policarpo Quaresma? Achava Oliveira Lima que os personagens de Lima Barreto representavam com perfeição o homem brasileiro. Como Quixote representava o povo espanhol.

  • Cascas de banana

    RIO DE JANEIRO - A vida é complicada mesmo. Ninguém precisa seguir o lema do finado Chacrinha, a quem se atribui a frase "eu não vim para explicar, vim para complicar", ou "confundir", o que dá na mesma. A vida se confunde e complica por si mesma, sem necessidade de apelos e palavras de ordem.

  • A confusão é geral

    Há frases de Machado de Assis que ficaram para sempre na memória dos bons leitores brasileiros. Uma delas é “ao vencedor, as batatas”. A outra, “a confusão é geral”. Parece que, no Governo, há uma acentuada preferência por esta última.

  • Encontros sociais

    RIO DE JANEIRO - "Diante de dois imbecis desconhecidos, eu me torno mais imbecil do que eles." Li essa frase num velho almanaque no tempo em que havia almanaques, que funcionavam mais ou menos como o Google de hoje. Eles ensinavam o melhor modo de tirar manchas dos brocados, do melhor mês para plantar mandioca e lembravam que Agripina morreu no ano 59 da era cristã.

  • Rivalidades

    RIO DE JANEIRO - Não é somente no amor, na política e nos esportes que predominam as rivalidades. Nos setores profissionais, entre médicos, arquitetos, artistas, advogados, especialistas disso ou daquilo, a concorrência muitas vezes é na base do vale-tudo. E os escritores não fazem exceção à regra. Pelo contrário, há rivalidades históricas.

  • A queda de Paulinho

    Não ia eu dedicar um comentário total ao Paulinho da Força , acusado de ter desviado dinheiro do BNDES. Não sei de quanto foi o desvio e para que se desviou tanto dinheiro pertencente ao Erário, no qual não se deveria tocar, muito menos um antigo membro da Força Sindical.

  • Tô "grade"

    O CHAMADO grau de investimento alcançado pelo Brasil tem suscitado as opiniões mais divergentes entre políticos e técnicos. Uns dizem que é o céu, outros, o caminho do inferno. A notícia de que o Brasil passa a ser um país seguro e confiável para quem quiser investir é logo contraditada: isso vai nos tornar mais perdulários. Um articulista de renome chegou a sintetizar: "passamos do risco de calote ao risco de cassino".

  • Vai faltar batata

    Há frases de Machado de Assis que ficaram para sempre na memória dos bons leitores brasileiros. Uma delas é "ao vencedor, as batatas". A outra, "a confusão é geral". Parece que, no Governo, há uma acentuada preferência por esta última.

  • Terceiro mandato: a gula e o golpe

    Não temos precedentes desta popularidade presidencial, em meio a um segundo mandato, desalentando toda a chance de uma oposição, na expectativa clássica da usura dos governos. Só aumenta, neste momento, a previsão da subida de Lula nesta identidade de um Brasil de fundo com o Chefe da nação. E nos questionários deste suporte maciço, não se salientam programas específicos, mas esta sensação de melhoria geral, no vínculo simbólico ao "Lula lá".

  • A kitanda do seu António

    Quando se pergunta quando é que o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa entrará em vigor, há um certo clima de perplexidade. Uns dizem que será ainda este ano, outros afirmam que o nosso governo decidiu internamente que dará um prazo de dois anos para que isso aconteça, enquanto Portugal fala em seis anos para as mudanças, aliás, nem tão profundas assim.

  • Amazônia afetada

    O mundo está ficando tão pequeno que as ações vão acabar fora dos atuais limites, sem diplomacia e sem a ONU, ficando um grande campo aberto a concorrência dos mais fortes.

  • Cérebro de mãe é diferente

    A Segunda Guerra teve na Europa resultados catastróficos, e não só em termos de destruição material. Milhões de pessoas pereceram, e muitas crianças ficaram sem os seus pais, vagueando pelas ruas ou pelas estradas. Na tentativa de avaliar os efeitos desta triste situação, a Organização Mundial da Saúde comissionou o psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby para fazer um estudo a respeito. O resultado foi um documento intitulado Cuidados Maternos e Saúde Mental que, de imediato, teve enorme repercussão. A criança, diz Bowlby, precisa de uma cálida, íntima e contínua relação com a mãe ou com uma figura materna. Sem isso, gera-se um quadro que ele chamou de deprivação (deprivation), e que é diferente de privação. Nesta última situação, não existe primariamente figura materna. Na deprivação, existe, mas é perdida, e o efeito, para a criança, é muito grave.