
Presidente, por quê?
Ao chegar à presidência da ABL, muito refleti sobre os sonhos e ferramentas que trazia para exercer um mandato à altura dos votos fraternais recebidos dos companheiros acadêmicos.
Ao chegar à presidência da ABL, muito refleti sobre os sonhos e ferramentas que trazia para exercer um mandato à altura dos votos fraternais recebidos dos companheiros acadêmicos.
RIO DE JANEIRO - "Não é a fome, não é o desejo -é a sede do poder que é o demônio do homem. Dê-se-lhes tudo: saúde, alimentos, moradia, distrações -nem por isso se sentirão menos tristes nem menos infelizes; porque o demônio está de alcatéia, o demônio os espera, espera e quer ser satisfeito".
No meu ofício de ler e analisar textos, há muitos anos deparei com um poeta; Cesar de Araujo, de quem não ouvi mais falar. Num pequeno volume seu, chamado "Eu (im) pessoal", dei com versos assim: "Eu / mito de mim: desmito-me // Nomeado por mim: demito-me. // Esfinjo-me-interrogo: enigmação. // Posta a questão: / decifro-me-devoro".
Passadas quatro décadas de meu “batismo político”, retornei à Assembléia Legislativa de Pernambuco para a “crisma”, o sacramento da confirmação. Ali, na mesma tribuna, pude recordar as primeiras palavras que proferi ao ser empossado como deputado estadual e líder do governo Nilo Coelho: “O nome dado a esta Casa exprime a homenagem e a aceitação de um compromisso: a aprovação, o aplauso, a fidelidade ao comportamento, às idéias e ao sentido afirmativo da luta de Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo – o liberal que desgostou liberais, em defesa da abolição, o que político, desgostou políticos, o que amou as instituições para reformá-las.”
RIO DE JANEIRO - Sempre que tinha um problema difícil para resolver, Napoleão chamava um homem de nariz grande, porque, dizia o imperador, ele "sabe cheirar". Daí se conclui que o cheiro é importante não apenas para Napoleão mas para todos nós que somos marcados por determinados cheiros, pessoas e coisas que nos aconteceram.
“A sede da alma está na memória”, dizia Santo Agostinho. Esta afirmação explica a praxe que norteia os discursos de posse na Academia Brasileira de Letras. Com efeito, cabe a um novo acadêmico, ao empossar-se, resgatar a memória e interpretar o espírito de sua cadeira analisando o significado cultural da obra e da ação daqueles que anteriormente a ocuparam. Neste contexto, a regra é o destaque a ser dado à trajetória intelectual do antecessor imediato e ao relacionamento que teve com as atividades da instituição, fundada em 1897. Foi isso o que me empenhei em fazer no último dia 1º de dezembro, ao assumir, na Casa de Machado de Assis, a cadeira 14, na sucessão de Miguel Reale.
RIO DE JANEIRO - Não venho acompanhando em detalhes a saia justa entre o pessoal da cultura, notadamente do cinema e do teatro, com o pessoal do esporte. Alguns setores da sociedade acham descabida a obrigação do Estado de sustentar ou apenas apoiar iniciativas culturais e esportivas.
Tive a alegria de participar – com o músico Quincy Jones, o ex-presidente da Suíça Adolf Oggi, a primeira-dama da África do Sul Zanele Mbeki, e a alta comissária das Nações Unidas, Sadako Ogata – da criação e da diretoria da Fundação Schwab. Concebida por Klaus e Hilde Schwab, o objetivo é apoiar pessoas que, com idéias originais e revolucionárias, estão tentando (e conseguindo) fazer deste mundo um lugar melhor.
Tenho ouvido e lido muita gente ainda reclamando do que disse o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, quando a ministra Ellen Gracie foi assaltada. Segundo o que vi nos jornais, ele disse que a culpa foi da segurança da ministra ou, ainda, que ela devia ter pedido a proteção da Polícia Federal a que tem direito. De fato, assim de primeira, a gente estranha isso, porque, afinal, parece significar que a maior parte de nós, que não é constituída de ministros ou ocupantes de cargos com prerrogativas semelhantes, é assaltada com o assentimento, ou pelo menos omissão, do poder público.
RIO DE JANEIRO - O Exército chileno vai expulsar de seus quadros o neto de Augusto Pinochet, que fez um discurso de despedida do avô considerado ofensivo ou restritivo aos militares que durante tantos anos garantiram a ditadura naquele país.
Tive o prazer de votar na Academia Brasileira de Letras em José Mindlin para sucessor do grande romancista Josué Montello. Mindlin foi levado à mais alta expressão da cultura brasileira pelo seu amor à bibliofilia e à leitura das obras acumuladas pelo seu gênio imprevisto em encontrar volumes necessários para uma biblioteca de consulta. Mindlin diz que todos passam, como passou sua carinhosa esposa, Dona Guita, menos os livros, que ficam para consulta de gerações e mais gerações que virão.
O Brasil vive todo tipo de violência. É um verdadeiro laboratório. Seja por motivos de desigualdade social, falta de empregos, vagas nas universidades para os mais pobres ou, como no caso de drogados da classe média, o avanço nos patrimônios alheios para promover ganhos que permitam a compra dos diferentes tipos de narcóticos.
A chegada de Rafael Correa à Presidência do Equador abre uma fresta nova neste calcinado ano de 2006, tão bloqueado de dilemas sobre o futuro do Continente. E o faz, fechado o pano desse dezembro, ao mesmo tempo em que a retumbante reeleição de Chávez pareceria ter ressaltado o cenário das leituras ao que sejam a polaridade contra o statu quo e o conformismo com a hegemonia americana. Venha ela de Bush ou da realpolitik, que já demonstram os democratas sem acenos a grandes mudanças e, especialmente, quanto ao seu modelo econômico. Esta inércia empurra para a área conservadora do continente a Colômbia ou o bom comportamento da concertação do Chile, somado à vitória milimétrica de Calderón no México.
RIO DE JANEIRO - Cito de memória: "Para os ricos, só existe um caminho para a conservação de sua fortuna: é se apoderar do Estado". A frase é de Lorenzo de Médici, exemplo de citação obrigatória do grande príncipe renascentista.
No dia 19 de abril de 2007, se completarão 121 anos do nascimento do grande poeta Manuel de Sousa Carneiro Bandeira Filho, ou apenas Manuel Bandeira, aquele "menino doente", que se tornaria depois "o amigo do rei", ou, como certa vez dele disse Ribeiro Couto, o próprio "rei de Pasárgada". Veio à luz do mundo em Recife, na Rua da Ventura, que hoje se chama Joaquim Nabuco.