Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • O mercado eleitoral

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 15/07/2004

    Mais alguns dias e teremos o grande espetáculo da propaganda eleitoral dos candidatos a prefeito e vereador. Mais uma vez será a "finest hour" dos marqueteiros de todos tamanhos, feitios e intenções. Os candidatos e, pior do que os candidatos, os programas e idéias, serão vendidos como os refrigerantes, as cervejas, os eletrodomésticos. Quem anunciar mais e melhor terá maiores chances de se eleger.

  • A linha lógica

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 15/07/2004

    Excelente entrevista concedeu ao O Estado de S. Paulo o ministro Roberto Rodrigues. Apresentar esse agricultor é inútil. Ele é mais conhecido que o apresentador. Mas citá-lo é necessário, sobretudo pelos conhecimentos que armazenou em sua vida de agricultor, como pelo bom senso de que é dotado. É um dos excelentes ministros do governo Lula, que desfaz a má impressão dos maus ministros, a maioria do corpo de colaboradores de Lula, o presidente.

  • Civilzação ou barbárie

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 14/07/2004

    A antítese civilização e barbárie não é de manejo simples. Tradicionalmente, foi usada de forma autoritária e xenófoba. Foi assim desde sua origem, na Antigüidade, em que os gregos se viam como os únicos civilizados e os não-helênicos eram considerados bárbaros pelo mero fato de não falarem grego. Esse uso perverso da antítese atingiu seu auge na fase áurea do imperialismo europeu. As potências julgavam-se superiores aos povos colonizados, tanto do ponto de vista técnico e científico, como do ponto de vista ético, e nesse sentido eram civilizadas, enquanto os demais povos estavam mergulhados na barbárie. Daí a missão civilizadora que os países europeus se atribuíam, ou que lhes tinha sido atribuída pela Providência - o white man's burden, obrigação que lhes fora imposta de retirar da barbárie os infelizes nativos, ''meio demônios e meio crianças'', nas palavras de Kipling.

  • Carga tributária

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 14/07/2004

    A Curva de Laffer já deve ter endireitado, tamanha a altura da carga tributária brasileira, contra as lições, comprovadas historicamente, que os impostos altos obstam a extensão do desenvolvimento. É elementar essa afirmação: quem deve pagar impostos cada vez mais altos, deixa de gastar no consumo, em todos os itens dos usos pessoais e famílias. Basta um pequeno aumento de apelos telefônicos, uma alta nos planos de saúde, e tudo o mais, para o desenvolvimento encolher, e o povo ficar prejudicado.

  • Centenário de Neruda

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 13/07/2004

    Poeta nascido no Chile, a 12 de julho de 1904, está a memória de Pablo Neruda sendo lembrada, esta semana, em toda a América. Poucas vezes conseguiu um poeta representar um Continente inteiro e tornar-se, no resto do mundo, o apóstolo de um movimento poético posto a serviço das mais generosas aspirações de um tempo.

  • O leão e o porco

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 12/07/2004

    Um sujeito desinformado perguntou-me o que eu achava pior: inflação alta ou juros altos? Ia responder que os dois são péssimos, ou tiraria "cara ou coroa" na hora, escolhendo a inflação ou os juros aleatoriamente.

  • Muito obrigado pela paciência

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 11/07/2004

    Ogoverno acaba de completar um ano e meio e nos preparamos para as eleições municipais. Armaram uma festinha para comemorar os 18 meses e nos contaram como, naturalmente, não fizeram tudo o que queriam, mas fizeram muito, considerando as duras contingências que a realidade impõe. O presidente chegou a dizer, com quase infinita bondade (a infinita de verdade é apanágio de Deus e creio que nem mesmo o ministro Gushiken imagina que o imperador do Japão partilhe dela), praticamente com um suspiro audível para toda a nação, que a política é a arte da paciência e que o governo não deve perder a paciência. Sobretudo com as críticas da imprensa - parece que sugeriu também -, pois estas ofendem e magoam ainda mais.

  • Considerações sobre a burrice

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 09/07/2004

    Sou daqueles que não acreditam nessa história de o governo ter determinado o banimento total das emendas orçamentárias das oposições, inclusive a da Fundação Irmã Dulce, considerada pefelista. Isso seria provocar a ira do céu e da terra, isto é, uma grandiloqüente burrice. E quem está no poder jamais é burro. Afinal, o Orçamento federal é um instrumento de ordenação do governo, a peça principal de tudo, o chamado cofre, aquele que dom João 6º pedia que embarcassem em primeiro lugar quando fugiu de Lisboa para o Brasil.

  • O pião e a carrapeta

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 08/07/2004

    Era brinquedo de pobre, mas todos, até mesmo os meninos ricos, tinham o seu pião. Parece que não existem mais, mas, na minha rua, o guri que não tinha o seu pião e não era mestre no ofício de rodá-lo no chão ou na palma da mão tornava-se qualquer coisa de abominável, um ser hediondo execrado pelos outros garotos.

  • Uma história carioca

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 07/07/2004

    Há alguns anos, fui procurada por um leitor adolescente com nome de arcanjo. Dizendo-se apaixonado por um de meus livros, Gabriel me anunciava que um dia queria ser cineasta e, quando esse dia chegasse, pretendia transformar em filme aquela história que o impressionava. Tinha medo de que alguém o fizesse antes e me pedia para lhe deixar reservado esse direito. Como garantia, me enviava um projeto de roteiro. Surpresa: era bem feito. Não apenas revelava uma leitura atenta e inteligente do meu texto, mas uma sensibilidade capaz de criar a partir de onde eu parei. Concordei com a proposta e guardei a vaga para ele - mesmo quando, depois, fui abordada por outro candidato com um currículo mais experiente.

  • Redução de vereadores

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 07/07/2004

    O Congresso Nacional resolveu, em boa hora, reduzir o número de vereadores, que entopem as Câmaras Municipais do interior do país. Geralmente, os vereadores reúnem-se uma vez por semana, à noite, pois todos têm trabalho durante o dia, nos seus negócios particulares. No fim do mês, porém, lá vem o salário, várias vezes superior ao mercado local e, o que é pior, várias vezes o mercado nacional. Não trabalham. São boas vidas. Vão à Câmara para conversar, pois o que têm de fazer é pouquíssimo, com exceção de algumas grandes cidades, a maioria delas não chega a alguns milhares de habitantes, sem problemas outros que os locais, como água, esgoto, circulação. Os deputados quiseram aumentar o colégio eleitoral de que dispõem, à custa do erário público, e criaram os municípios.

  • Lavagem cerebral

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 06/07/2004

    Ao terminar a Segunda Guerra Mundial, sabia-se que Hitler não se entregaria vivo aos aliados. A Albert Speer, que foi fiel ao ditador até o fim, ele confessara sua vontade de se suicidar, dizendo que não seria preso para ser exibido, mundo afora, numa jaula, como um animal derrotado.

  • Para onde vai a educação?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 05/07/2004

    Vejamos o caso do ensino superior. Sempre é o preferido das discussões públicas e dos orçamentos do MEC. Hoje dispõe de mais de 60% dos recursos oficiais, mantendo uma qualidade precária.

  • Questões cornológicas

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 04/07/2004

    Se vocês estão pensando que trocaram uma letra aí em cima, esclareço que não trocaram. Não é "cronológicas", é "cornológicas" mesmo. Trata-se do que presumo ser um neologismo, para qualificar fenômenos ligados a cornos. Apesar de injusta fama em contrário, não sou dado a inventar palavras e perpetrei esta por achá-la necessária para sanar uma falha em nosso já indigente vocabulário. Bem verdade que sua etimologia, misturando latim com grego, haverá de alçar sobrolhos entre os filólogos, mas, se Auguste Comte pôde fazer a mesma coisa com "sociologia", creio que, transcorrido tanto tempo, um brasileiro já tem o mesmo direito, sem macular excessivamente a nossa luzente imagem no exterior ou expor-se a acusações de plágio e macaqueação.