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Artigos

  • 50 anos

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 24/08/2004

    Rádio e TV ligados, não senti a noite passar. A crise política fervia, dizia-se que o presidente iria renunciar, forçado pelos militares que o responsabilizavam por um atentado em que morrera um major da Aeronáutica. Nas primeiras horas da madrugada, um aparente alívio na tensão. O ministério divulgara uma nota em que o presidente pediria licença de seu mandato desde que fossem mantidas a ordem e as instituições.

  • Martinho e a cultura negra

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 22/08/2004

    O Brasil aprendeu a gingar em Angola e sofreu influências variadas, que passam por Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Portugal. É natural que não queira (e nem deva) se desprender das suas raízes, apesar de tudo o que isso representa em sofrimento, escravidão e miséria.

  • Realismo nacional

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 22/08/2004

    Vivendo e não aprendendo. Volta e meia, se bem deva ressaltar que é nas ocasiões em que me acho provocado ou convocado, tenho uns ataques de indignação a que dou vazão por escrito. E aí, no dia da publicação, retorna a sensação que me acompanha desde que peguei experiência em jornalismo: coisa mais besta, não adianta nada ficar falando ou reclamando, nunca adiantou. Sim, claro que, em oportunidades especiais (ou “tópicas” - tenho lido muito esta palavra e não sei bem o que querem dizer com ela, mas soa chique e resolvi usá-la, também sou filho de Deus), escrever sobre algum problema ajudou a resolvê-lo. Mas somente o problema, não a situação que o causou ou o estado de coisas em que sempre vivemos, embora piorado nos últimos anos. (Não estou falando mal do governo agora; olá, pessoal que adora ler nas entrelinhas, não tem entrelinha nenhuma, não estou falando mal do governo, estou falando da vida em geral nos anos mais recentes, garanto a vocês.)

  • Brasil no Olimpo, sem futebol

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 20/08/2004

    A bola da vez é a Olimpíada. Não temos ganhado medalhas, mas estamos felizes dentro das competições, e nossos locutores, de pulmão cheio, proclamam: "O Brasil não é só o país do futebol, mas de Olimpíada", embora a nossa equipe campeã mundial tenha sido eliminada.

  • Deitando e rolando

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 18/08/2004

    Um depoimento pessoal sobre os conselhos de redação, que ali por volta dos anos 70/80, graças à eficiente militância petista no meio jornalístico da época, tentaram tomar o poder nos jornais e revistas. É evidente que havia um pretexto nobre, os salários baixos, que tornavam as greves recorrentes, não precisando haver uma crise específica para um confronto com as empresas.

  • A imagem do nazismo

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 18/08/2004

    Quem lê, ainda hoje, a história da formação do partido nacional socialista dos trabalhadores alemães, ou, simplesmente, na abreviatura alemã, nazismo, tem o conhecimento seguro da submissão da nação alemã ao partido. O partido se sobrepôs à nação e passou a dominá-la em todos os sentidos. Nada se fazia sem ordem do partido e Hitler, todo poderoso, no alto da hierarquia do mando, tinha as mais barulhentas dentre as idéias que um chefe poderoso pode ter.

  • Poesia, mito, palavra

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 17/08/2004

    Deseja o autor destas linhas informar, antes de tudo, que há muito esperava fosse este livro - "A deusa branca" ("The white goddess"), de Robert Graves - traduzido no Brasil. Trata-se de um estudo completo sobre a existência da poesia. Pois há poucas semanas "The white goddess" foi aqui publicado em português. Numa de suas primeiras páginas o autor pergunta: "Qual é a utilidade da poesia hoje? A função e o uso permanecem os mesmos, apenas sua aplicação se alterou".

  • Agora só falta um ato institucional

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 15/08/2004

    Em episódio que não sei mais se se estuda na História do Brasil, pois nem mesmo sei se ainda se estuda História do Brasil, nos contavam, às vezes com admiração, que D. Pedro, o da Independência, irritado com a primeira Assembléia Constituinte brasileira, por ele considerada folgada e ousada, encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo Estado. Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas vejo aí um momento exemplar da tradição de encarar o Estado (que, na conversa, chamamos de “governo”) como nosso mestre e os nossos direitos como por ele dadivados. Os governantes não são mandatários ou representantes nossos, mas patrões ou chefes.

  • Transformando o tempo

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 15/08/2004

    TROCO MUITA CORRESPONDÊNCIA eletrônica com Stephan Rechtschaffen, médico que fundou o bem-sucedido Omega Institute em New York. Fui convidado para dar uma palestra lá, mas precisei cancelar em cima da hora. Em seguida, Stephan e eu fomos contactados para juntos nos apresentarmos em Viena, na Áustria, e desta vez cancelei por achar o preço que estavam cobrando absurdamente alto. O fato é que estes percalços, em vez de me afastarem dele, terminaram nos aproximando (o mundo tem situações curiosas).

  • Variações sobre a segurança

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 14/08/2004

    A segurança pessoal e social constitui uma das aspirações primordiais geradas pelo progresso da civilização, até o ponto de que todos nós temos o poder-dever de aspirar por uma ordem pacífica na esfera individual e coletiva.

  • Uma baleia na eleição

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 13/08/2004

    O Rio de Janeiro já foi um porto pescador de baleias. Elas entravam na baía de Guanabara e ali ficavam bailando, como área de alimentação e de criação. Os homens as espantaram na matança secular a que a espécie foi submetida.

  • Querem assassinar o português

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 12/08/2004

    Para abordar o tema, que é recorrente, na cultura brasileira, vale a pena recordar de início um instigante pensamento do escritor mexicano Octavio Paz: “Quando um país se corrompe, a primeira coisa que se degrada é a linguagem.”

  • Gilberto Freyre, o intérprete do Brasil

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 11/08/2004

    Há pessoas que nascem para a realização de uma obra inovadora e há escritores que, desde o começo, parecem destinados a escrever certos livros. Gilberto Freyre inclui-se entre os predestinados a realizar uma missão histórica. Nasceu em Pernambuco e entrou para um colégio americano, onde o idioma inglês se tornou a sua segunda língua. Seu pai fez questão de que ele fosse para os Estados Unidos, onde adquiriu os pressupostos metodológicos essenciais ao estudo da sociedade escravocrata brasileira e do patriarcado rural.

  • O método em Proust

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 10/08/2004

    Há sempre, no caso do maior escritor do século XX, que se atentar para o Método. Pois nisto reside o plano mais largo da obra de Marcel Proust. Livros como o de Edmund White, da maior utilidade no entendimento das "experiências proustianas", estuda com pormenores as figuras que cercaram Proust, principalmente Robert de Montesquieu, mas não se preocupa demasiadamente com a técnica literária do autor.

  • A unidade ortográfica

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 10/08/2004

    Velhíssima questão a da unidade ortográfica do português usado no Brasil e em Portugal. Que a prosódia seja diferente, é natural. Num país imenso como o nosso, há diversas formas de pronunciar as palavras, e o próprio vocabulário admite expressões regionais - o mesmo acontecendo com todas as línguas do mundo.