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Artigos

  • O outro Joyce

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 09/10/2002

    Dei-me, em certa noite africana, ao exercício de selecionar os romancistas da primeira metade do século passado que de perto me tocassem mais. De qualquer ângulo que examinasse o tema, o nome de Joyce Cary me aparecia logo. Ninguém executou e compreendeu a função de ficcionista com mais alegria e precisão do que este inglês de estilo direto e claro.

  • Resultado imprevisto

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 08/10/2002

    Confesso que me surpreendi com o resultado das eleições, pois contava certo que Lula da Silva acabaria ganhando, se não com larga margem de votos, ao menos com superioridade sobre seu contendor mais forte, o candidato José Serra. Mas não deu para o obstinado candidato e vai haver segundo turno, quando o jogo pode virar, como se diz, em linguagem futebolística. Cabe, agora, ao candidato José Serra aglutinar forças em torno de seu nome, e partir para o pleito certo de vencer o adversário.

  • Ponto de estrangulamento

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 06/10/2002

    Não são apenas os educadores que devem ser ouvidos quando se trata de discutir o futuro da educação no Brasil. Para uma visão do todo, não basta descer o olhar para o umbigo. É pouco. Quando Roberto Campos, de tantos feitos econômicos, escrevia sobre educação, com a sua notória inteligência e experiência internacional, a sua opinião era sempre saudada ou, pelo menos, merecia uma cuidadosa reflexão.

  • O nosso voto livre

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 05/10/2002

    Sempre que eleições se aproximam, nos últimos anos, tanto daqui como de outras colunas que lhe são franqueadas, esta humilde cronista adverte os seus patrícios a respeito do direito e da obrigação de votar.

  • Não à guerra

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 03/10/2002

    Parece que Saddam Hussein compreendeu qe sua situação é frágil e optou, com prudência, por fazer ir a Bagdá e outras localidades de seu país, os fiscais da ONU, para verem in loco que não há preparação de armas mortíferas, a fim de serem usadas se os Estados Unidos invadirem o que resta de livre para o ditador. Saddam Hussein só quer fazer guerra, mas essa pretensão tem um limite, e este já foi alcançado, tendo que ser o paradeiro último de uma tentação, que começou com o assassínio do rei.

  • O nosso faroeste

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 02/10/2002

    Em parecer que escrevi para o editor Peter Owen, de Londres, sobre livros brasileiros cuja tradução para o inglês recomendo, comecei pelo romance "O tronco", de Bernardo Elis, pois nele vejo a mais vigorosa marca daquilo que chamo de "ocupação de território literário" no Brasil. A história de nossa formação como povo e como nação emerge, em traços fortes, dos relatos feitos como ficção, mas com uma realidade que supera as minúcias da historiografia.

  • O mérito e o crédito

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 29/09/2002

    É difícil chegar a uma conclusão sobre a influência das pesquisas no processo eleitoral. Há opiniões conflitantes mas todos concordam que é fato novo, benéfico ou nocivo, mas realmente novo. Honestas ou manipuladas, elas adicionam um "plus" na hora do cidadão votar. E antes da hora decisiva, elas promovem um vendaval na campanha, ora prejudicando, ora ajudando os candidatos.

  • Pega leve, o cidadão é "de" menor

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 28/09/2002

    Se me pedissem uma definição do voto, eu diria que o voto é o selo da cidadania; ou que é o atestado do cidadão. Então, como é que se concilia a idéia de dar um diploma de cidadão ao jovem que completa 16 anos, quando esse mesmo jovem se mantém na condição de irresponsável perante a lei, sob a alegação de que até aos 18 anos ele ainda é menor - ou "de menor", como diz o povo? Se o jovem cidadão ou (cidadã) tem discernimento suficiente para votar no presidente da República, como não o terá para distinguir o bem do mal, o crime da inocência - que são conceitos muito menos complexos do que as avaliações políticas que levam ao voto consciente? Criancinha ainda, antes mesmo de saber o que é um presidente, um governador, um deputado - essa criança já sabe que é proibido roubar, ferir os outros, e, acima de tudo, matar. Então, depois da onda ecológica, as crianças cedo aprendem a respeitar a vida, até a dos bichos - ou principalmente dos bichos. Quanto mais a vida das pessoas.

  • O fato novo

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/09/2002

    Na reta final, os corredores precisam correr mais rápido. O ditado é do tempo dos romanos mas continua atual. Tão atual que os candidatos à Presidência assumiram uma espécie de vale-tudo eleitoral, há equipes especializadas em fuçar todos os detritos, em busca de um escândalo que defenestre um deles da disputa.

  • A longa caminhada

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/09/2002

    No mesmo ano em que Wilson Martins conquista o maior prêmio literário do País - o Machado de Assis, para conjunto de obra, da Academia Brasileira de Letras - a mesma Academia lança um livro definitivo sobre o modernismo brasileiro, do próprio Wilson Martins, chamado "A idéia modernista", depois do qual não mais se poderá falar do movimento de 22 e de sua profunda influência no pensamento do país sem que se vá às suas páginas.

  • Um bom produto político

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 24/09/2002

    Estamos perto das eleições presidenciáveis de 2002. Quatro candidatos disputam a honra de dirigir o País, ainda às voltas com problemas de inquestionável importância, como a segurança, o modelo econômico, a saúde, os transportes e - sobretudo - a educação.

  • Votar em quem e para quê?

    O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 22/09/2002

    Suspeitamos, muita gente e eu, que uma grande percentagem dos eleitores brasileiros, maior talvez do que se subestime na base do palpite, iria para a praia, o piscinão, o clube ou à pracinha, se não fosse obrigada a votar. Direito estranho esse, criação surrealista de nossa imaginação política, ou adaptação do que vigora, ou vigorou, em algum país que consideramos exemplar, ou seja, quase todos. É direito, mas, ao mesmo tempo, dever. Na verdade, esse “direito” seria perfeitamente dispensável, já que, de acordo com o que ouvimos, não se pode nem ir ao banheiro sem estar quites com a Justiça Eleitoral, ou seja, sem poder brandir o papelucho que recebemos depois de votar.

  • Dom Lucas, o apóstolo

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 18/09/2002

    Tínhamos um apóstolo entre nós. Perdemo-lo. A missão apostolar de Dom Lucas Moreira Neves, exerceu-a ele na sua vida normal de sacerdote, mas também no haver levantado, nos seus escritos, a memória de sua terra e de seu povo. Memória é base, sem ela caem as estruturas que nos fazem gente. A memória ilumina a sombra, passa por cima da nossa temporalidade, país sem memória está morto, e não sabe. A memória, guardamo-la em pedra ou música, em pergaminhos, pinturas, pontes, castelos ou catedrais. Guardamo-la, principalmente, na palavra.

  • Réquiem para Dom Lucas

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro- RJ) em, em 17/09/2002

    Há dois anos, dia 9 de julho de 2000, recebi uma das minhas primeiras missões na ABL, que foi justamente a de representá-la, e ao seu então presidente, o Acadêmico Tarcísio Padilha, nas comemorações do Jubileu da Ordenação Sacerdotal de Dom Lucas Moreira Neves, realizadas na sua cidade natal de São João del Rey. Quando lá cheguei, a convite de D. Risoleta, participei de um jantar, no Solar de Tancredo Neves, oferecido por Dom Lucas a um grupo de cardeais brasileiros, entre os quais, Dom Eugênio Sales, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloísio Lorscheider.

  • Os aprendizes

    Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 14/09/2002

    Esse caso passou-se, faz tempo, pouco depois de nos mudarmos para o Leblon, que era ainda um bairro amorável e tranqüilo, sem grades nos edifícios - aliás, poucos edifícios e ainda muitas casas com jardim e quintal. Hoje, não sei se foi o Leblon que mudou, mas quanto a mim, sei que mudei muito, quase não saio de casa e, em sã consciência, não posso dizer se é melhor agora ou era melhor então.