Albert Camus, cujo cinquentenário de falecimento ocorreu ontem, era um grande escritor, autor de O Estrangeiro e de outras notáveis obras, e um intelectual atuante, conhecido pela coragem e pela independência. Nascido na Argélia, Camus formou-se em filosofia, foi por um breve período membro do Partido Comunista, emigrou para a França, participou na resistência contra a ocupação nazista e viveu aquele extraordinário, e tumultuado, período que se seguiu à II Guerra, marcado pela ascensão da esquerda, e, na França, pelo apogeu do existencialismo. Camus era amigo de Jean-Paul Sartre, mas acabaram rompendo. Sartre aderiu ao comunismo, tornou-se maoísta e justificava os excessos cometidos pelo regime com o argumento de que mais vale sujar as mãos do que ficar em cima do muro: não por acaso, é autor de uma peça chamada Les Mains Sales, As Mãos Sujas, que fala exatamente disso, dos dilemas dos intelectuais. Camus defendia a independência destes; na guerra de independência da Argélia, manifestou-se sobretudo contra o terrorismo usado pelos guerrilheiros. Posição controversa, portanto.