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Artigos

  • Rugas & sorrisos

    Existe um tipo peculiar de ruga, conhecido desde a antiguidade como o “ômega melancólico”. Fica no meio da testa e tem a forma da letra grega ômega. É uma evidência da melancolia, aquela tristeza filosófica que no passado caracterizava os espíritos superiores (hoje, falamos de depressão, que não é a mesma coisa). É muito curioso que a ruga faça alusão a uma letra e que é, a propósito, a última do alfabeto grego. Porque podemos dizer que as rugas são, em parte, a vida escrita na nossa face. ***

  • Uma bipolaridade brasileira

    Nesta época do ano, Porto Alegre, à semelhança do que acontece com muitas cidades brasileiras, se esvazia: vai todo o mundo para a praia. Só ficam os autoproclamados membros da Sapa, Sociedade dos Amigos de Porto Alegre, êmula das sociedades existentes nas praias do litoral gaúcho: a Sociedade dos Amigos de Tramandaí, a Sociedade dos Amigos de Torres, e assim por diante. Os afiliados da Sapa podem contar com um trânsito ameno, com restaurantes nunca lotados, com ausência de filas nos cinemas (mas, em compensação, precisam enfrentar um calor infernal. Nem tudo é perfeito).

  • Símbolos em discussão

    Como era de esperar, o Programa Nacional de Direitos Humanos está provocando controvérsias. As questões envolvidas são delicadas, para dizer o mínimo; às vezes, mobilizam antigos ressentimentos e têm inegável conotação emocional. Por outro lado, controvérsia é uma coisa boa, e faz parte do debate democrático. Pior ocorre quando a controvérsia é suspensa, sobretudo pela força. Uma experiência pela qual o país passou e que quer, com toda a razão, evitar.

  • A educação do Brasil em 2016: os mesmos erros?

    Não se trata de exercício de adivinhação. Nem de data aleatória. Penso no Brasil das Olimpíadas de 2016, ou seja, daqui a facilmente previsíveis seis ou sete anos. Por exemplo: ainda teremos 14 milhões de analfabetos puros? O vestibular ficará na saudade? E os salários dos professores estarão próximos de uma remuneração decente?

  • Conflitos e repressão

    Parece piada, mas não é. Na crise aberta no governo por causa da Lei da Anistia, os bombeiros de plantão descobriram um modo de aliviar as tensões. Apelaram para a semântica: onde se lê "repressão política" leia-se "conflitos políticos".

  • O fim da gramática

    Não faço parte do grupo que critica violentamente o Enem. Considero uma boa iniciativa, sujeita a aperfeiçoamentos queestão sendo providenciados pelo MEC, para este ano. Fazer as provas em duas etapas (em semestres distintos) já protege o exame do seu gigantismo, que torna quase impraticável a sua implementação. Vejam o que aconteceu: 38% dos inscritos não compareceram, dando um enorme prejuízo ao erário, pois as provas foram impressas e havia locais e professores para a eventualidade de uma presença integral. Quem paga pela imprevidência?

  • Sem medo do mito Lula

    Nesta abertura da nova década, até onde nos damos conta do que representa hoje a liderança de Lula, neste inédito de um absoluto respeito à democracia e penetração da consciência popular? Não se trata apenas dos 82% de apoio, que desarvoram todas as condições de um status quo de voltar ao poder na percepção do salto destes dois mandatos. Ou do que impeliu o inconsciente social brasileiro para um voto-opção em que, de vez, só existe a mão única para a conquista do desenvolvimento sustentado do país. Esse "povo de Lula" sabe para onde vai, à margem do partido, no eixo das coalizões com o PMDB e impermeável aos escândalos moralistas. Ou melhor, percebe que são abominações próprias ao velho regime brasileiro, de perpetuação da sua cosa nostra, como agora evidencia a permanência de Arruda à frente do governo das propinas mais entranhadas na contabilidade da corrupção brasileira.

  • Haiti

    Quando houve o terremoto em Lisboa, no século 18, Voltaire escreveu o Poema sobre o Desastre de Lisboa (1756), negando a existência de um Deus que consentia numa tragédia de tamanha barbaridade. Diante do desastre, Voltaire perdeu a fé num ser superior que cuidasse dos destinos humanos.

  • Fapesp e desenvolvimento sustentável

    A conferência da ONU do Rio, em 1992, sobre meio ambiente e desenvolvimento consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável. São componentes do conceito o vínculo entre a legítima preocupação com o meio ambiente e a não menos legítima preocupação com a economia e a pobreza; a afirmação de que a sustentabilidade do desenvolvimento, além dos requisitos de viabilidade micro e macroeconômica, transita por sua viabilidade ambiental; o reconhecimento dos Outros, vale dizer, tanto dos nossos contemporâneos no espaço de um mundo comum ? e por isso o desenvolvimento sustentável é um tema global ? quanto das gerações futuras, o que significa atender às necessidades presentes sem comprometer o porvir.

  • Com Machado e Rui, a santíssima trindade

    Se 2008 e 2009 foram os anos dos centenários das mortes de Machado e de Euclides, o ano de 2010 está sendo o do Centenário da morte de Nabuco. Os três foram fundadores e membros efetivos da Academia Brasileira de Letras, que justamente por isto tanto se tem empenhado em homenageá-los.

  • A Sabedoria Chinesa

    No meu twitter (twitter@paulocoelho) sempre tenho usado uma brincadeira: posto frases de Confúcio adaptadas ao momento presente. Confúcio - (551-479 a.C.), que reorganizou os textos clássicos chineses (como o popular I Ching) e lhe deu redação definitiva. Para combater a corrupção e a miséria de sua época, criou uma série de preceitos éticos e morais, como o culto dos ancestrais, os princípios de sinceridade, reciprocidade, e a ideia de que só pode governar quem é capaz de promover o bem-estar do povo. A seguir, alguns de seus ensinamentos:

  • O voo do infinito

    Aprendi desde cedo que para Deus não há coincidência. Quando conheci, há mais de 10 anos, o General de Divisão José Carlos Albano do Amarante, então Reitor do Instituto Militar de Engenharia, com ele me identifiquei pela preocupação comum com a visão humanística dos seus alunos. Segundo deixou claro, na conversa que tivemos no prédio da Praia Vermelha, a modernização do ensino pressupunha o enriquecimento cultural dos alunos, para a formação de engenheiros da Idade Tecnológica, com base politécnica e visão holística.

  • Os brasileiros e seus nomes

    Quais são os nomes preferidos dos pais brasileiros? Para responder a esta pergunta foi feita uma pesquisa abrangendo 28 mil bebês filhos de usuários cadastrados no portal BabyCenterBrasil.com, um site que proporciona informações acerca de saúde infantil, gestação etc. É uma amostra significativa da nossa população? Não, não é. A maior parte desse público vive na Região Sudeste e é de classe média e alta. Mas vale a pena conhecer as preferências de um grupo que funciona como verdadeira caixa de ressonância do país, o grupo em grande parte responsável pela chamada opinião pública. A lista inclui os cem nomes mais comuns de meninos e os cem nomes mais comuns de meninas.

  • Deus e os homens

    Na crônica de domingo, lembrei a exaltação de Voltaire quando soube do terremoto em Lis­­boa, em 1755. Ele contestava e questionava a existência de Deus, a sua justiça, a sua bondade. Afinal, os homens se encarregam de produzir as suas próprias tragédias, mas, no caso de um abalo como o do Haiti, eles são vítimas da fúria de uma natureza ensandecida. É, queiramos ou não, uma obra de Deus.