
Marcado para morrer
[2]EU POSSIVELMENTE DEVERIA TER morrido às 22h30m do dia 22 de agosto de 2004, menos de 48 horas antes da data do meu aniversário. Para que o cenário da quase-morte pudesse ser montado, uma série de fatores entraram em ação:
EU POSSIVELMENTE DEVERIA TER morrido às 22h30m do dia 22 de agosto de 2004, menos de 48 horas antes da data do meu aniversário. Para que o cenário da quase-morte pudesse ser montado, uma série de fatores entraram em ação:
As estatísticas têm revelado, ultimamente, grande e crescente número de turistas na capital de São Paulo, sem que, até agora, se tenham determinado com acerto as razões desse evento.Costuma-se dizer que São Paulo não possui nada que lhe assegure atraente cor local capaz de justificar a visita de viajantes do Brasil e do estrangeiro, como é o caso do Rio de Janeiro, de Salvador e do Recife.
Argemiro Ferreira acompanhou quatro eleições presidenciais nos Estados Unidos e, pouco antes do último pleito, publicou um livro, "O Império Contra-ataca" (Paz e Terra), analisando o cenário político e social daquilo que alguns comentaristas chamam de "nosso irmão do Norte".
Já li, não me recordo onde, que "em política nada fica parado". Ela é dinâmica e se contorce a todo instante, mudando de forma e de luz. Aqui se repete sempre que é como uma nuvem, atribuindo-se essa comparação a Magalhães Pinto, embora ela remonte ao Império e tenha sido, se não me falha a memória, do conselheiro Dantas, esse baiano habilidoso que também disse sobre a Abolição: "Nesse assunto, não parar, não retroceder, não precipitar". Era, sem dúvida, uma definição antecipada do "muro".
Com exceção de alguns militares, acho que ninguém discorda da necessidade de abrir os arquivos que o governo guarda até hoje sobre a repressão aos movimentos guerrilheiros, sobretudo os da região do Araguaia. Não há por onde temer qualquer revanchismo, uma vez que os heróis e bandidos, segundo a avaliação individual de cada um de nós, em sua maioria estão mortos, desaparecidos ou desativados.
Pode, suponho eu, parecer esquisito um membro de dois institutos históricos, o brasileiro e o paulista, pedir o arquivamento do passado. Mas, uma vez explicado o pedido, tenho a certeza de que meus eventuais leitores entendam que tenho razão. Começo por aplaudir o presidente Luís Ignácio Lula da Silva, que pediu o arquivamento histórico do período dos generais no poder, por reavivar feridas ainda não cicatrizadas, mas conformadas pelo tempo.
O homem de conhecimento sabe que o gênio solitário está fadado ao esquecimento e que, para perpetuá-lo, deve difundir o seu saber aos mais jovens, mantendo ao mesmo tempo acesa a chama da curiosidade permanente. Os jovens, ao buscar experiência, trazem consigo, na inquietude de sua mocidade, toda a beleza de um destino a cumprir. E é necessário disponibilidade para o companheirismo e para o trabalho em conjunto, como fatores estimulantes do verdadeiro espírito universitário, que se recicla nas indagações, dando aos mestres o privilégio da renovação nesse confronto diário.
Com a habitual ignorância dos fatos políticos, ouso comentar as eleições para prefeito do último domingo. Tudo bem. Acho que não houve surpresas. Em linhas gerais, as pesquisas do eleitorado foram confirmadas, com três pontos para mais ou para menos, conforme é de praxe.
Leio que o Banco Central tem medo do crescimento. O presidente do banco responsável pela moeda e o crédito, a inflação e, nas suas atribuições, pelo PIB, que é alcançado num regime de moeda estável e de inflação controlada. Está certo que o BC tema a inflação, mas seus dirigentes e o ministro da Fazenda estão de posse de todos os instrumentos necessários ao controle da bruxa maldita, que tanto nos fez sofrer há poucos anos.
Eram tempos de mudança, aqueles. Como os de agora, ou talvez mais. Num dos pedaços de terra mais baixos dos Países Baixos, Roterdam, nascia Erasmo. Ano, o de 1446, apenas seis, depois da morte do português Infante Dom Henrique. O período africano conseguido sob o impulso henriquino, havia chegado à Serra Leoa, de modo que, em 66, muita gente já percebia, em quase toda a Europa, que a época era de Descobertas.
Quando chamado ao auditório do Colégio Estadual de São Fidélis, que funciona num antigo prédio da CNEC (saudades do professor Felipe Tiago Gomes), a primeira impressão foi de surpresa. Estava cheio de alunos e professores da região, por obra e graça da professora Fátima Panisset, coordenadora do Projeto de Incentivo à Leitura do Governo do Estado.Minha obrigação seria falar sobre o tema "Nós e a Poesia", mas antes haveria uma série de quadros culturais, incluindo a originalíssima peça "A Preta de Neve e os Sete Grandões", toda ela produzida na própria escola. Por artifício criado pelo professor de matemática, acabei virando um dos "grandões" da história. Assumi a função diante dos 300 assistentes com muita alegria. Nessas ocasiões, é melhor aderir ao espírito geral. Houve aplausos.
Jornalista, professor, autor de livros, acadêmico, e com a vida já na hora vespertina das sombras alongadas, saio da observação da campanha eleitoral profundamente decepcionado com a baixaria, a arrogância, a mentira despejada como água suja nas ondas de televisão e de rádio, com uma coragem de não defender a verdade, que me leva a julgar o regime com notas desprimorosas. Não cito nomes. Todos os conhecem, se ficaram diante dos aparelhos para ouvir ou ver.
"Quero ver sangue!" Num filme dos anos 60, há uma luta de boxe e um dos assistentes, mamando um charuto apagado, dá esse grito em direção ao ringue. Não sei se foi para fazer a vontade do cara, um dos pugilistas de repente começa a sangrar no rosto. Com aquela luva que parece uma pata com elefantíase, o desgraçado tira o sangue dos olhos. Logo recebe outro soco e cai. O juiz conta até dez, levanta o braço do vencedor, a platéia urra de gozo.
Ultimamente, como devem ter notado os pacientíssimos leitores que visitam este espaço, dei para me preocupar com os entrelinhistas, o pessoal que lê nas entrelinhas. Espero tratar-se de um surto passageiro, que vá embora depois do segundo turno eleitoral. O entrelinhismo, afinal, é uma postura filosófica ou metodológica arraigada em muita gente e, se quiser continuar a escrever e publicar, vou ter que conviver com ele o resto da vida. Mas hoje, particularmente, faço questão de deixar claro aos entrelinhistas que, além de não ter recebido oferta de suborno nenhuma, não posso ser acusado de defensor das brigas de galo e Itaparica está aí, para não me deixar mentir.
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