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  • Oriente Médio: Lula lá

    Lula marca agora no Oriente Médio o fio natural de desdobramento desta inédita presença exterior do Brasil. Sistemática, conseqüente, e disposta a encher o palco desta nossa nova visibilidade. Chega à Beirute dias após o reconhecimento, pela Time, desta liderança emergente do Brasil que não se quer mais ver na prisão sob palavra do Mercosul. Cancún foi o começo do arranco a mostrar o quanto a estabilização foi tão só o cacife da nova credibilidade internacional do governo que começa a falar grosso, no avanço das reformas internas, e lá fora pela rebeldia aos rótulos de periferias, ou terceiro-mundismo.

  • Entre Atocha e o Mar Morto

    O atentado da estação de Atocha trouxe à mídia mundial o semblante da Espanha toda; olhares certeiros, em excesso, semblante por semblante, desses oito milhões que foram às ruas, em nada massa nem sombra, perfis acutilados, na vigília que começava a mudar em horas a história de seu país. É quase inédito este lance de nossos dias, ajudado pelas vésperas do voto, numa alteração de cabeça do povo, assestada muito para além de uma mera reprimenda, ou de um desconforto passageiro do eleitorado. O governo Aznar precipitava-se num poço sem fundo, frente às certezas e tremeluzes da vitória certa, até a quinta-feira das explosões.

  • Ruína moral e dever histórico

    A quem importa, de saída, o escândalo Waldomiro? Na verdade, 47% do País, segundo os jornais, nem tomaram conhecimento, e 26% reconheceram estar mal informados, mesmo quando quer um afastamento de Dirceu. O escândalo importa a 26%, de todo o Brasil de sempre. Há todo o Brasil de sempre, entranhado ainda num sistema e numa estrutura de que a corrupção é a segunda natureza. Não será o último, o auxiliar pestiferado, peça de uma engrenagem clássica do subdesenvolvimento que privatiza a função pública; faz do cargo a oportunidade que a vida econômica lhe negou, da passagem pelo poder, a condição de enriquecimento instantâneo dos ditos espertos.

  • Uma desnecessária usura do poder

    Como o Governo Lula responde ao “a que veio”, em tempos e seqüências tão distintas das expectativas do Brasil estabelecido? O primeiro ano de mandato transformou os aliados eleitorais do PT em sócios efetivos de um programa de poder: deu a partida nas reformas ditas de base como índice de modernização institucional do País; diferenciou o caminho da mudança à margem dos purismos ideológicos e dobrou a sua facção radical; inaugurou uma política externa de novas alianças, por fora dos denominadores tradicionais das periferias e de seu petitório clássico.

  • Esperança selvagem

    O quadro das expectativas do governo Lula enfrenta, com a crise Waldomiro, risco muito diverso da clássica decepção com mais uma equipe do Planalto que não escape ao ferrete da corrupção. Um governo da mudança e intrinsecamente disposto à transformação social é também o dos olhos de ver a realidade de onde parte; e do que seja a estrutura social em que se enraíza.

  • O PT, velha e nova esquerda

    O que resultou, de fato, da reunião de São Paulo, quando, pela primeira vez, abrigamos na terra de Lula, e do novo símbolo da mudança social o encontro da Internacional Socialista? E para dizer dos outros caminhos do mundo, assediado pela hegemonia do mercado global? Foi talvez um alerta aos cuidados, senão a novas guinadas, o não se ter entoado o hino lendário da entidade durante a enorme reunião. Estaria ou não, aí um sinal de que é outra, agora, a clarinada de fundo, para formular a alternativa ao universo unipolar em que mergulhamos?

  • O primeiro dever de Lula

    Enganam-se as Cassandras a procurar em episódios como o de Waldomiro, o começo da perda de encanto do Governo. A matéria-prima do enlevo com o regime não se atrita pelas escaramuças continuadas, onde é a retranca do status quo que aparece e não o despontar do inédito de agora; do que realmente sensibiliza o que antigamente se chamaria do povão; do que responde por esta sensação de que se virou a página do País que estava aí. São outras as expectativas do enorme estrato de população que pela primeira vez se vê no poder, e quer o recado material de que o País mudou. Do sucesso do Fome Zero à transferência das águas da bacia do S. Francisco, fertilizando o Nordeste, ao sucesso da Bolsa-Escola. A busca destes resultados vem de par com a rememoração, a cada momento gratificante, da investidura de Lula, e as iniciativas que a reflitam, na expectativa de um outro Brasil, de outra exigência, que a da reiteração do imperativo ético nas relações de poder.

  • A outra agenda da educação

    O ministro Tarso Genro supera, na sua pasta, a opção entre achar e fazer. O primeiro ano do Governo Lula mereceu do líder gaúcho uma das reflexões mais agudas do que fosse a saída do idealismo, para entregar-se à exigência da mudança. Deu-nos a busca do que fosse “uma esquerda em processo”, no avanço realista de um projeto de transformação social que demora, parece desgarrar-se mas não se rende. A ambição desses resultados, na área específica da educação, supõe, inclusive, a amplitude polêmica, como a entendeu Cristovam Buarque, como um ingrediente da tomada de consciência que já é parte mesmo de uma ação que persiga a verdadeira diferença no recado do Governo.

  • Uma perversa reforma eleitoral

    A reforma política vem aí no arrasto da dita modernização, ou seja, do que é já possível mudar num consenso adiposo contra as práticas passadas, enfim, ao arcaico, e unanimemente.Mas não se trata do avanço da consciência coletiva, que o peso de uma vitória como a do PT acarretaria na aceleração do novo. Não é sem razão que o relator do projeto, sacramentado por gregos e troianos, seja o deputado Ronaldo Caiado, o mesmo do partido dos ruralistas, que hoje enfeitam a vistosa direita do PFL.

  • Começa o mea culpa no Iraque

    A assunção pelo general Wesley Clark da liderança de uma candidatura democrática à presidência americana em 2004 abre uma nova postura crítica na opinião pública à perspectiva da Star War no Iraque. O militar celebrizou-se pela procura da paz como comandante da Nato na Bósnia e no Kosovo. E protagoniza hoje um papel para a superpotência que se recusa à hegemonia mundial, sem retorno. Clark cresceu nos últimos meses como um comentarista implacável, na CNN, da conduta das forças de Bush, levando ao atual impasse no Iraque e seu vespeiro. A campanha eleitoral começa pelo combate aos estereótipos da extrema direita americana que também ensaiam as suas armas pela pregação do programa por um Estados Unidos sem rival no século.

  • Campus e transformação social

    O ministro Tarso Genro tem, de saída, marcado o seu tônus realista na abordagem das tarefas que elegeu na pasta da Educação. A palavra-chave é foco, a privilegiar as iniciativas que respondem aos temas-chave para julgamento de um governo de mudança. Mais do que isso, o timbre da objetividade do titular é de procurar uma estratégia que, pelos efeitos imediatos, multiplique o horizonte ulterior.

  • Aliança pela latinidade

    Jacques Chirac apoiou a criação do “Fundo Lula”, iniciativa inédita de potência do primeiro mundo, acolhendo a proposta de décadas das periferias. Amadureceu, sobre outras bases, a idéia da taxa Tobin, de extrair percentos da abastança dos ricos em favor da mudança social dos países desmunidos. O alvo é o comércio de armamentos e o presidente francês não deixou dúvida quanto ao impacto da garfada, já que a sua nação é a terceira exportadora mundial deste produto. A atitude marca um novo protagonismo da velha Europa, a partir de Paris. Acompanha o racha começado contra a guerra no Iraque, tornado nítido na Conferência de Evian, no ano passado - onde o presidente Bush compareceu entre duas portas giratórias.

  • Cursos jurídicos e cidadania

    Vem-nos agora, com o interesse, aplauso e espanto em todo o Brasil, a iniciativa da OAB de recomendar, ou não, os atuais cursos jurídicos do País. Trata-se de aplicar o dito selo de qualidade, instalando na área universitária a informação ao consumidor como sugerem os incentivos, urbi et orbe, da produtividade capitalista. Não se trata, pois, de definir aprovados e reprovados, como propagou a mídia, qual passagens para o paraíso ou o inferno das nossas faculdades. O martelo da Ordem privilegiou 69 unidades entre 248 casas de ensino. Mas nada foi dito quanto aos critérios do selo. Que bases, que amostragens, que eixos comparativos usou a Ordem, entre as 248 casas de ensino submetidas ao seu olhar e ao seu cutelo?