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Artigos

  • Cego para a verdade

    Um príncipe morava num palácio imenso e isolado. Ele não sabia o que se passava além dos muros de onde morava. Tinha tudo fácil e não convivia com o mundo. Quando atingiu a idade adulta, ele começou a sair. Logo cruzou com um enterro, nas ruas encontrou pessoas pobres e viu leprosos. Desesperado, o príncipe voltou ao castelo. “Me responda com sinceridade: existe alguma maneira de não ter que enxergar as misérias da vida?” “Lute para melhorar o mundo”, disse o sábio. “Não existe nenhuma solução mais fácil?”, perguntou o príncipe. “Sim, furar os olhos”.

  • A saudade paira no ar

    Foi uma sessão histórica da Academia Brasileira de Letras, considerada também como a Casa da Memória. O presidente Marcos Vilaça decidiu homenagear sete acadêmicos, com a aposição de quadros com os seus retratos, nas instalações do Petit Trianon. Famílias respectivas estiveram presentes.

  • Sobre "História da literatura brasileira"

    No primeiro instante, julguei não ter sido o Sr. Wilson Martins o autor das notas sobre a minha História da literatura brasileira, recém-publicada pela Ediouro, após um trabalho de dez anos, neste Suplemento Idéias, no dia 29 de dezembro de 2007, ao apagar do ano. Foi o fantasma dos fantasmas do Sr. Wilson Martins, cujas sombras maledicentes? Algumas são perceptíveis? Tentaram agravar-me por motivos alheios à criação. Sobretudo porque um poeta e ficcionista intentou tamanha proeza e ele nunca conseguiu escrever uma História da literatura brasileira. Pelo contrário, o Sr. Wilson Martins tem se notabilizado nacionalmente como um crítico esdrúxulo, capaz de afirmar grandes asneiras com total desassombro e ressentimento.

  • Um menino chamado Emmanuel

    A monstruosidade do terrorismo é a gratuidade da violência. O sofrimento que se impõe a pessoas que nada têm com as ideologias e lutas em disputa. Pela causa, cria-se uma hipoteca para matar, torturar e fazer tudo que contém a palavra mal.

  • Desígnios de Cristo

    Um padre da Renovação Carismática conta que certa vez estava dentro de um ônibus, e, de repente, escutou uma voz dizendo que ele devia pregar a palavra de Cristo ali mesmo. “Vão me achar ridículo, porque isto não é lugar para sermão”, pensou.

  • Hora de sair do palanque

    A luta política violenta e irracional que tivemos no Maranhão, quando abandonamos a discussão dos problemas do estado para fixarmos todo o debate no terreno pessoal, vai atrasar o Maranhão por muitos anos.

  • Árvores e cidades

    No deserto de Mojave, são comuns cidades-fantasmas: construídas perto de minas de ouro, elas foram abandonadas quando todo o produto da terra tinha sido extraído. As cidades cumpriram seu papel e não tinha mais sentido continuar habitadas. Nas florestas, as árvores, depois de cumprirem seus papéis, morrem. Elas abrem espaço para que a luz penetre, fertilizam o solo e têm seus troncos cobertos por vegetação nova. A nossa velhice vai depender da maneira como vivemos na juventude. Podemos nos tornar uma cidade-fantasma. Ou uma árvore.

  • Perdoar

    Dois ex-presos políticos argentinos se encontraram, já de volta ao país, depois de muitos anos sem qualquer contato. Sentaram-se num bar na Av. de Maio e começaram a se lembrar dos anos negros da repressão, quando as pessoas sumiam sem deixar vestígio. A certa altura, um perguntou ao outro: “Quanto tempo você ficou preso?”. “Dois anos”, respondeu o homem acomodado do outro lado da mesa: “Sofri torturas pelas quais nunca imaginei que pudesse passar na minha vida. Minha mulher foi violentada na minha frente. Mas os responsáveis já foram presos e condenados. Isso é o que importa”. “Ótimo. E sua alma já os perdoou também?”, insistiu o primeiro. “Claro que não!”, replicou o outro, veemente. “Então, você ainda continua prisioneiro deles”.

  • A ação e a adoração

    Estamos sempre preocupados em agir, fazer, resolver, preocupados com nossas ações. Não há nada de errado com isso, afinal, é assim que podemos construir e modificar o mundo em que vivemos. Mas também faz parte da experiência mística o ato da adoração. É importante e fundamental parar um pouquinho, de vez em quando. E procurar permanecer em silêncio diante do Universo. Sem pedir, sem pensar, sem agradecer. E algumas lágrimas podem escorrer. Mas não se assuste e muito menos se preocupe se isso acontecer. Isso é um dom. Estas lágrimas estão lavando sua alma.

  • Os riscos da recessão nos EUA

    Esse gigante já nos pôs medo mais de uma vez, mas agora as Bolsas caem ainda mais e os Estados Unidos lançam um plano anti-recessão, segundo os jornais de maior circulação em São Paulo e as agências que cobrem a crise americana.

  • E a caça às bruxas continua...

    Faz um ano e meio, que transcrevi aqui nesta coluna uma notícia da CNN: no dia 31 de Outubro de 2004, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida no mês seguinte, a cidade de Prestopans, na Escócia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas – e seus gatos – executadas por prática de bruxaria entre os séculos XVI e XVII.

  • O dono da palavra

    Mais do que o dono da palavra, era o dono do som, no qual via uma força emotiva que valia por si mesma. Com isto, ganhou a língua portuguesa, nele, uma amplitude que nenhum outro poeta brasileiro atingiu, principalmente a de unir à sua poética um elenco de palavras que vinham revelar a enorme diversidade atingida pelo idioma que foi de Camões.