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Artigos

  • Temprestade perfeita

    Não é sempre que ela acontece. Depende de uma conjunção rara de fatores climáticos. Aí se instala a chamada “tempestade perfeita”, expressão hoje comum na língua inglesa, com todos os seus efeitos desastrosos. É o que está acontecendo na educação brasileira. Parece que quase tudo dá errado, como se estivéssemos condenados ao atraso.

  • Como dominar o mundo

    RIO DE JANEIRO - Foi divulgada uma lista internacional sobre os países que mais se dedicam ao estudo da matemática. Para variar, o Brasil está pessimamente cotado. Não somos um povo amante dos números. Tirante os bicheiros, que são capazes de inverter um milhar por sete lados, e os técnicos que fazem a contagem de tempo de serviço dos candidatos à aposentadoria, somos frouxos ou vagos quando o problema envolve cifras e prazos.

  • Nós e os macacos

    Na minha infância, a teoria certa e acabada era que vínhamos dos macacos. Com o tempo, eu cresci e fui aprendendo outra teoria: que os macacos eram nossos primos, mas não eram nossos pais. Afinal, o certíssimo é que somos da mesma família. Agora mesmo, com a persistência dos cientistas, estamos a descobrir que esses parentes são melhores do que nós em matemática. Devem ser, também, em outras coisas. Dos japoneses já batem na memorização seqüencial.

  • A esperança de vida, e a vida da esperança

    “A idade máxima atingida por um ser humano é de 122 anos. Mas dá para viver mais do que isso? Até recentemente, acreditava-se que não, que nosso relógio biológico pararia por volta de 90 anos. Hoje, há dúvidas, mas, de qualquer modo, admite-se que a eternidade ainda está longe”.

  • Para ver o herói

    A aventura está lá fora. O herói, o homem comum, é sempre chamado. Ele fica aguardando o mensageiro: existe um tesouro a ser descoberto, uma princesa encarcerada. A vida nos dá duas oportunidades para vivermos nossos sonhos. Mas e o mensageiro? Geralmente ele está vestido com roupas que não agradam: pode ser uma mudança de emprego, um rompimento amoroso, uma doença. Pode ser um encontro ou uma conquista, mas estas coisas acontecem no meio da jornada do herói, raramente no início. O segredo consiste em ter bons olhos para reconhecer o mensageiro.

  • A melhor espada

    "Quem é o melhor de todos no uso da espada?", perguntou o discípulo. O mestre Merton respondeu: “Vá até aquele campo. Ali existe uma rocha. Insulte-a”. “Por que devo fazer isto? A rocha jamais me responderá de volta!”, disse o discípulo. “Ataque-a com sua espada”, ordenou Merton. “Minha espada se quebrará. E se atacá-la com minhas mãos, ferirei meus dedos. Minha pergunta era: quem é o melhor no uso da espada?”, insistiu o discípulo. “O melhor de todos é o que parece com a rocha. Sem desembainhar a lâmina, consegue mostrar que ninguém poderá vencê-lo”, esclareceu o mestre.

  • Afinal, o buraco era mais embaixo

    Certas coisas são meio chatas de confessar, e eu não devia contar nada, mas o assunto não me sai da cabeça e, como sempre, se impõe despoticamente, o que significa que vou falar nele. E não posso mentir, não só porque mentir decerto está na moda, mas é feio, como porque, se mentisse, estaria escamoteando justamente o sentimento que agora me acompanha para todo lado. Fiz o possível para escrever sobre outras coisas, chega de reclamar do governo e dos governantes, é domingo, vamos mudar de assunto, vamos nos alienar um pouco, não é pecado tão grave assim. Eu não quero ser como o colega de serviço que chega para a rodada de cerveja da sexta à noite e a primeira coisa em que fala é na previsão de faturamento em dezembro.

  • O ponto acomodador

    Em um dos meus livros (O Zahir), procuro entender por que razão as pessoas têm tanto medo de mudar. Quando estava em pleno processo de escrita do texto, caiu nas minhas mãos uma estranha entrevista, de uma mulher que acaba de lançar um livro sobre – imagine o quê? – amor.

  • Chávez e Cambronne

    RIO DE JANEIRO - Ainda bem que as coisas mudam em quase todos os setores, inclusive na imprensa. Sou de um tempo em que não se podia escrever a palavra "câncer" nos jornais. Os secretários de redação (não havia ainda os editores) escreviam por cima: "insidiosa moléstia".

  • Simplicidade

    Shibumi é uma palavra japonesa difícil de traduzir, pois seu significado é abrangente. Meu mestre a utilizou certa vez para descrever um jantar simples, mas delicioso, que comemos numa aldeia francesa. "Os japoneses usam esta palavra para qualificar sua arquitetura. Shibumi significa a total simplicidade, que de repente é quebrada por um arranjo floral, um vaso decorado, um detalhe que enfeita todo o ambiente", explicou ele. Por causa disto, a beleza das casas japonesas (aparentemente vazias) é muito mais sofisticada que a beleza das casas ocidentais, sempre cheias de pratarias, objetos, quadros, enfim, uma verdadeira confusão visual. Um bom Guerreiro da Luz precisa ter shibumi: simplificar sua vida, mantendo o detalhe, a elegância e a delicadeza", finalizou o mestre. Um verdadeiro Guerreiro precisa simplificar a vida mantendo a elegância e a delicadeza em todos os seus atos.

  • O sábio e a memória

    Um sábio chinês caminhava por um campo de neve quando viu uma mulher chorando. “Por que choras?”, perguntou. “Porque me lembro do passado, da juventude, da beleza que via no espelho. Deus foi cruel comigo porque me deu memória. Ele sabia que eu ia sempre recordar da primavera da vida e chorar”. O sábio ficou contemplando a neve, com um olhar fixo. “O que estás vendo?”, perguntou ela ao sábio. “Um campo de rosas. Deus foi generoso comigo porque me deu memória. Ele sabia que, no inverno, eu poderia sempre recordar a primavera e sorrir”.

  • Coragem

    Durante uma guerra civil na Coréia, certo general avançava implacavelmente com suas tropas, tomando província após província, destruindo tudo o que se encontrava pela frente. O povo de uma cidade, ao saber que o general se aproximava, fugiu para uma montanha. As tropas acharam as casas vazias. Depois de muito vasculhar, descobriram um monge zen que não havia partido. O general mandou chamá-lo, mas o monge não obedeceu. Furioso, o general foi até ele: “Você não deve saber quem eu sou! Sou aquele capaz de perfurar seu peito com a espada sem piscar os olhos!”. O mestre zen disse: “O senhor tampouco deve saber quem eu sou. Sou aquele capaz de ser perfurado por uma espada sem piscar os olhos”. Ouvindo isso, o general curvou-se, fez uma reverência, e se retirou.