Já contei a vocês que, desde a primeira vez, resolvi que jamais escreveria a tradicional crônica sobre falta de assunto e venho cumprindo a decisão. Não que já não tenha enfrentado esse pavor, pois houve tempo em que escrevi três por dia, eis que a necessidade é a mãe da porcaria. Mas sempre dei um jeito e, na verdade, nunca deixa de haver assunto. Agora mesmo, o que não falta é assunto. Mas que tipo de assunto? Só assombração. Basta folhear este ou qualquer outro jornal, ou assistir ao noticiário da tevê, ou ouvir as rádios. Claro, nas tevês, por exemplo, tem a reportagem do fim, a que se encerra com um sorrisinho terno dos apresentadores, sobre como Seu Lalinho, de Cobrobó, aprendeu a ler depois dos 86 anos e, lépido e lampeiro aos 93, mantém uma escola para os pobres da cidade, onde dá aulas de capoeira, brinca nas onze na pelada anual de confraternização e é vocalista do conjunto de roque-xaxado Ketchup na Rapadura, em companhia de Edelzuíta Fole Ousado, mocetona de 44, que por sinal está esperando o segundo dele.