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Artigos

  • Doutor Subdeó

    Ia escrever sobre esse Aedes aegypti que há séculos persegue o Rio de Janeiro, transmitindo febre amarela e dengue, espalhando o medo e o pânico. Teve um inimigo mortal, Oswaldo Cruz, que trouxe da experiência cubana o método para tornar a capital do Brasil um modelo internacional de saneamento. Depois, olhei o retrato dilacerante de Ingrid Betancourt e, comovido com a sua tragédia, ia juntar-me à indignação mundial contra a crueldade com que está sendo tratada.

  • A violência em banalidade terminal

    A leitura dos jornais da última semana mostra a saturação a que chegou o noticiário da violência carioca. As páginas inteiras o repetem, coluna a coluna. Chega-se ao fartum da manchete, ou, literalmente, à impossibilidade do encontro de novos adjetivos. É uma exaustão que pode levar ao que os moralistas chamariam de acedia. Ou seja, de amortecimento de toda sensibilidade pela sua repetição e, sobretudo, pela certeza de que o registro não tem surpresa na sua monotonia.

  • Recessão americana

    O Fed nos EUA afirma que aquele país pode ter retração no mercado neste semestre. A notícia não é nada animadora. Ao contrário, é desanimadora, pois uma recessão americana que abarcará a nação inteira vai impor recessões no resto do mundo, obrigando as nações dependentes dos EUA, e são todas, a cortes de despesas que se refletirão no emprego e no consumo de bens diários. Não é o que interessa, nem é o que podemos fazer para conter a recessão americana. Mas é o que pode acontecer, diante da garantia de retração afirmada pelo Fed.

  • Expressão da liberdade

    RIO DE JANEIRO - Assunto recorrente, a liberdade de expressão continua provocando polêmica entre os interessados. Como qualquer liberdade, ela exige responsabilidade. Não é nem deve ser um valor absoluto, acima de qualquer outro, pairando além da condição humana. Tal como o direito de ir e de vir: podemos ir às ilhas Papuas ou vir da Patagônia, mas não podemos entrar na casa do vizinho a não ser expressamente convidados, autorizados pela Justiça ou para prestar socorro.

  • A guerra da dengue

    Com mais de mil notificações por dia, peço desculpas, mas a dengue continua a ser - e não só para quem mora no Rio - o assunto mais importante. É consternador ver nesta condição uma das maiores e mais belas cidades do mundo. Cada vez mais convivem nela, grotescamente, a era neolítica e a alta tecnologia, a civilização e a barbárie, a alegria e o medo, tudo com o denominador comum da mais completa insegurança e do quase completo desamparo. Dengue, uma doença considerada erradicada há décadas, marca eloqüente de degradação, descaso e atraso. Nada mais natural que os cariocas, assim como seus parentes que vivem em outras cidades, entrem em pânico gradualmente, vendo em si mesmos, seus vizinhos ou membros da família, que não se trata de onda da imprensa ou exploração política, mas da morte cujas formas mais agressivas atingem principalmente as crianças, transportada e entregue por um bichinho de asas que pode estar em qualquer parte. Morte mais de 20% acima do tolerado pela OMS.

  • Nélida ensaísta

    O ímpeto que leva um escritor a fazer um poema difere do que o conduz a contar uma história e mais ainda quando busca o ensaio literário. O poema pede a visão instantânea de uma realidade insuspeita, que o poeta capta e procura colocar em ritmo adequado e palavras exatas. A narrativa, por sua vez, se subordina a leis do tempo, a um determinado decorrer de acontecimentos e, por avançada que seja sua técnica, através do contraponto, de cortes inesperados, de aprofundamentos psicológicos, a história, o enredo, têm de ser contados, impondo-se à consciência de quem narra.

  • Conversa para Durão Barroso

    Tocou-me a honra de falar em nome dos acadêmicos e de não acadêmicos no jantar de honra que a Academia Brasileira de Letras (ABL) ofereceu ao presidente da União Européia. Jantar no velho solar que pertenceu ao “cacique” Austregésilode Athayde.

  • A lei e a força

    RIO DE JANEIRO - Mais de três anos nos separam da próxima sucessão presidencial, mas a classe política -e seu anexo mais espalhafatoso, que é a mídia- não pensa em outra coisa. É a conhecida anedota do Juquinha, o menino safado que só pensava "naquilo".

  • A lógica dos micróbios

    Em caricatura os micróbios são representados como diabinhos malvados ou como monstrinhos traiçoeiros prontos a nos sacanear. Mas isto é apenas antropomorfização da natureza, uma projeção, nos vírus e nas bactérias, da violência que seres humanos infelizmente conhecem tão bem. Os micróbios não são violentos; são seres vivos extremamente simples, que fazem o que é preciso para sobreviver. Micróbios previsivelmente infectam pessoas, animais, plantas porque a vida de muitas espécies é isso, infectar; se não infectam, morrem, o que também é previsível.

  • Estopim aceso

    A primeira mensagem de Bin Laden em 2008, e no aniversário da ocupação do Iraque propõe novas regras para o apocalipse a que quer condenar o Ocidente. Anuncia condicionantes claros, ao invés do horror sem volta em que a “civilização do medo” se constituiu desde 11 de setembro. São esses também os dias em que os mortos de Manhattan se equilibram ao dos soldados americanos que não voltarão do Iraque. O saudita ameaça a Europa de uma nova e generalizada ação terrorista se se repetirem as caricaturas do Profeta na seqüência do primeiro choque de 2006.

  • Geografia da fome

    O ano de 2008 é rico em centenários, efemérides que devem ser comemoradas para valorizar os nossos mitos, o que infelizmente não é um hábito nacional. Parece que estamos reagindo, como ocorre com a lembrança dos 100 anos da morte de Machado de Assis e os 200 anos da vinda da família real para o Brasil.

  • Uns braços!

    RIO DE JANEIRO - Já contei a entrevista que fiz com Francisco Mignone por ocasião de seus 80 anos. Como qualquer jornalista imbecil, perguntei-lhe sobre seu compositor preferido ao longo de tão longa vida. Com aquele jeito malandro que ele tinha -e que o tornava tão simpático-, o maestro disse que foi mudando com o tempo.

  • Saudades do mata-mosquito

    O RIO ERA, no século 19, uma cidade insalubre, sujeita a epidemias que se repetiam com freqüência. Para piorar a situação, o porto recebia marinheiros contaminados, que traziam pestes.